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quinta-feira 21 novembro 2024
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Coluna do Crisante – Para matar a saudade. Episódio: o urso e o domador

Para relembrar momentos do nosso carnaval, vou contar uma passagem que aconteceu num desfile em 1973, quando a Escola de Samba Boêmios da Estiva saiu com o tema enredo “O mundo Encantado do Circo”.
Nessa época, as escolas de sambas desfilavam na rua Dª Chiquinha de Mattos e o palanque ficava em frente à Igreja do Pilar.
A escola já estava montada de acordo com sua sinopse, e no roteiro incluía palhaços, malabaristas, perna de pau, figurantes representando animais, havia onças, macacos e aves.
O saudoso José Pernambuco, pai do nosso amigo Jorginho do grupo SOS do samba, se vestiu com a fantasia de urso. Ele foi destaque de um dos carros alegóricos que simbolizava uma jaula; e que também tinha como componente um domador, que foi de última hora, e que trazia como adereço um chicote e um porrete.
A encenação era a seguinte: assim que o urso saísse da jaula, o domador entrava em cena para domá-lo.
Naquele dia, o calor era insuportável e a roupa confeccionada para o urso era extremamente pesada e quente. O nosso amigo José Pernambuco já estava irritado dentro daquela fantasia.
Quanto ao domador, que foi escolhido aleatoriamente na multidão, era muito tímido. Para ele se soltar e ficar mais alegre, o amigo Wilson Fim pediu para que tomassem providências; e foi o que fizeram: deram-lhe uma garrafa de cachaça.
Quando a escola estava no seu auge, aproximando-se do júri, há uns cinquenta metros, o domador já estava embriagado.
No momento exato em que o urso saiu da jaula, o domador desceu-lhe o chicote, e com uma porretada o nocauteou.
O urso, enfurecido, travou uma grande batalha apertando o pescoço do domador, que foi socorrido pelos foliões.
O júri, que assistia àquela cena, que parecia cinematográfica, solicitou que a repetisse, pois era tão real. Disfarçadamente, passamos sem provocar suspeitas e, assim, fomos aplaudidos de pé.
Moral da história: “Nem sempre o que a gente vê é real!”.