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sábado 23 novembro 2024
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Coluna do Crisante – O Caipira e o Escritor

Mesmo em crise provocada pelo coronavírus, não podemos esquecer de reverenciar: o Autêntico caipira brasileiro e o Escritor Genial.
Nenhum artista brasileiro representou tão bem o homem caipira como Amácio Mazzaropi. Nascido em 9 de abril de 1912, é uma das personalidades , como Monteiro Lobato, que foi inserido no contexto da história de nossa cidade.
São dois arianos, que além dos signos, tiveram muito em comum. Um criou o Jeca Tatu, que foi até propaganda de remédio, e o outro interpretou o Jeca.
No rádio, no teatro, na TV e no cinema, Mazzaropi construiu o seu mundo encantado. Fez sucesso no cinema com 32 filmes, entre eles: “Jeca e a Freira”, “Jeca, o Macumbeiro”, “Jeca contra o Capeta”. Foram filmes campeões de bilheterias.
Mazzaropi fez da vida o seu palco, onde reinou a alegria e com seu jeito especial de ser, envolvia o público num redemoinho de amor que irradiava luz e muita energia.
Brilhou também nos palcos circenses e, ainda, construiu em nossa cidade o maior estúdio cinematográfico da América do Sul, hoje Hotel Mazzaropi.
Dia 18 de abril, se comemora o “Dia Nacional da Literatura Infantil”, dia em que nasceu José Bento Monteiro Lobato , um brasileiro que deixou sua marca registrada na história e se perpetuará no tempo. Um orgulho para Taubaté, que agora é conhecida em todo o país como Capital Nacional da Literatura Infantil.
Nesta edição, vou narrar uma passagem de Lobato e dois momentos vividos pelo artista Mazzaropi.

Monteiro Lobato

LOBATO– Na época da revolução da Constituinte em 1932 , policiais invadiram os jornais e destruíram tudo o que encontraram pela frente. Máquinas de escrever foram destruídas e textos, que já estavam prontos para serem publicados na edição do dia seguinte, foram rasgados.
Monteiro Lobato, que era um dos principais colunistas, chegou à redação e deparou com aquele estrago. Para que o leitor pudesse receber o jornal pela manhã, ele teve uma brilhante ideia: sentou-se a mesa e redigiu todas as matérias de seus colegas colunistas. Cada texto dentro do estilo de seu respectivo autor. Resultado: ninguém percebeu que as matérias tinham sido redigidas por Lobato , pois ele conhecia o estilo de cada jornalista e, assim, conseguiu mostrar toda sua versatilidade.
MAZZAROPI– No primeiro episódio, Mazzaropi conseguiu mostrar toda sua sabedoria e astúcia; mas a segunda levou um “chapéu” de um caipira. E quem já não levou !?
Mazzaropi foi fazer um show em um circo instalado em uma cidadezinha em Minas Gerais, o nome não me vem à memória, mas é uma história conhecida por seus fãs. O problema estava no “ cachê”, ele queria receber 15 mil cruzeiros para sua apresentação e o dono do circo estava oferecendo apenas 10 mil cruzeiros. Ele percebeu que havia um movimento considerável na cidade e havia uma ótima expectativa para seu show.
Então, fez a seguinte proposta ao dono do circo:
–Vamos fechar o negócio! Ao invés de você me pagar 15 mil cruzeiros, eu te pago 10 mil e fico com a renda do espetáculo.
O proprietário do circo topou na hora, com a certeza que não correria risco com a renda. Conclusão: O circo ficou lotado, e o artista fez várias sessões para atender ao público. A renda total do evento foi de 50 mil, isso livre das despesas.
A outra passagem se deu na cidade vizinha, a uns 80 quilômetros dali. José Ferreira, conhecido como Zé Pintado, tratou ali mesmo para que o artista fizesse o espetáculo em sua cidade, nas mesmas condições que já havia feito. Ele pediu um prazo de uns dois meses para agendar, pois era mês de fevereiro. Assim, combinaram a data para a sua apresentação.
Passaram-se dois meses, na data marcada, Mazzaropi pegou a sua trupe e partiu novamente para Minas Gerais. Chegando à cidadezinha, ficou surpreso. Não havia propaganda do espetáculo que faria, e nem mesmo seu nome aparecia na porta do cinema, nem em faixas.
Preocupado, pediu ao seu funcionário que fosse a única pracinha da cidade e procurasse Zé Pintado. A resposta foi rápida, todos conheciam o Zé, e indicaram a sua casa. Mazza partiu para lá e localizou uma casinha de pau a pique, bem afastada do centro da cidade. Bateu palmas e o Zé Pintado apareceu na porta, surpreso disse:
–Ei Mazzaropi, você por aqui?
E ele esbravejando disse :
–Hoje é 1° de abril, a data do show!
E o Zé Pintado respondeu:
–Primeiro de abril?
–Mais é hoje mesmo que “nois combinemo” aquele show, Mazza?
–Ele ordenou ao motorista:
_Toca o carro já! Acabamos de levar um CHAPÉU do Zé…