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domingo 22 dezembro 2024
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Coluna de Cinema – Trolls 2

Há 4 anos chegava aos cinemas o primeiro filme de Trolls, a animação musical que trazia Anna Kendrick e Justin Timberlake nos papéis principais, além de deixar como legado a música Can’t Stop The Feeling na cabeça de muita gente.

Com a trama seguindo a partir das consequências do predecessor, a animação, que chegou nos EUA antes da pandemia, mas só aterrissa em nossos cinemas agora, traz de volta seus protagonistas e opta pela fórmula padrão de sequências, aumentando o escopo geral e tentando criar um senso de urgência maior. A ideia de mostrar diferentes tipos de comunidades Trolls e seus respectivos gêneros musicais é ótima. A exploração visual criada para cada nicho e as possibilidades geradas são inúmeras. Inclusive, o nome original da produção, Trolls World Tour, combina perfeitamente com o clima, diferente do nome preguiçoso adotado por aqui.

Tratando-se de um musical assumido, elevado ao quadrado por, além do gênero, ter a música como tema central, o longa animado conta com uma excelente seleção de canções, sendo facilmente o ponto mais alto aqui. Apesar das escolhas acertadas, os números musicais, por outro lado, são simplificados e não trazem tanta grandiosidade no geral. Os demais gêneros musicais além dos centrais pop e rock, e dos coadjuvantes country e funk, não recebem a atenção merecida e só preenchem a trama. Em outros aspectos técnicos, a produção demonstra todo o esmero esperado de um filme com selo Dreamworks, tendo um visual detalhado e colorido. Prato cheio para o público infantil.

Os pesares da obra ficam por responsabilidade do roteiro raso e nada sutil. A mensagem por trás da trama é poderosa e atual, de grande importância, principalmente, para o público-alvo. Enxergar as diferenças, entende-las, aceita-las e aprender a conviver com elas é um assunto necessário e brilhantemente metaforizado e simplificado pelos gostos musicais das criaturinhas cantantes. A falta de profundidade, porém, fragiliza a história, estereotipa demais os personagens e não os trata com a devida atenção. Já a falta de sutileza da narrativa tira o peso emocional das cenas, resolvendo as problemáticas de maneira tão facilitada que as ações soam sem consequências reais. A lição moral deveria ser alcançada com amadurecimento e aprendizado, galgada pelo desenvolvimento emocional, tudo em seu tempo. O que acontece, entretanto, é a exposição literária dos acontecimentos por meio de diálogos óbvios que tiram dos espectadores a possibilidade de sentir a emoção, em troco de ouvir a palestra comum repetida em tela.

Apesar de menosprezar a capacidade de absorção das crianças e público em geral, Trolls 2 ainda tem uma jornada divertida mantida por personagens carismáticos e visual convidativo, músicas boas e uma vibe de celebração. Se visto sem grandes pretensões, é uma excelente opção familiar. Uma pena não explorar melhorar suas próprias boas ideias.

Por Giuseppe Turchetti