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domingo 22 dezembro 2024
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Coluna de Cinema – Sonic: O Filme

Após a forte rejeição que sofreu com a liberação do primeiro trailer, Sonic: O Filme passou os últimos meses de volta na pós-produção para, em atitude inédita no cinema, consertar o visual esquisito de seu protagonista antes de ser lançado. A decisão de atrasar o longa em meses em prol da aprovação do público já mostra um respeito e consideração com o material base, além da preocupação em fazer uma boa adaptação (e bilheteria).
Evidenciando, portanto, uma fragilidade que acometeu a equipe criativa, obrigada a voltar atrás na inovação do design e resolvendo se manter fiel para satisfazer os fãs, a produção virou alvo de muitos comentários na internet e, ainda que tenha sido ridicularizada logo no trailer, ganhou força com situação que acabou transformando tudo em um marketing positivo. Assim, o ouriço azul mais famoso dos videogames chega aos cinemas sem se apoiar no tom nostálgico dos jogos e mostra que a ousadia não era apenas no visual, mas o real desafio era outro: inovar ao adaptar a história, praticamente inexistente, dos games.
Claramente voltada ao público infantil, a trama é simples e objetiva. Flashbacks nos dão as explicações bem superficiais e ditam as regras dos anéis do poder do protagonista. As motivações são rasas e beiram o cartunesco, o que condiz com todo o tom da produção, lembrando, em vários momentos, aquele viés despreocupado e fanfarrão do cinema da década de 80, que não se importava em apresentar grande lógica ou verossimilhança nos acontecimentos. Por momentos, Sonic causa grandes emoções em ser visto pela primeira vez, taxado como alienígena ou coisa parecida. Já em outras horas de maior conveniência para o roteiro, o ouriço se passa facilmente um tanto quanto despercebido pelas pessoas. Tal conveniência marca presença em várias facilitações da história frágil.
Na tentativa de compensar um pouco o roteiro, o filme ainda consegue bons diálogos. Sonic é rápido não só para correr, mas se mostra um falastrão imparável, cheio de falas divertidas com muitas referências sobre a cultura pop, antenado nas piadas atuais. James Marsden parece bem à vontade no papel e, sem grandes surpresas, entrega um personagem carismático. Já no caso de Jim Carrey, o ator demonstrar se divertir com seu personagem e interpreta um Robotnik surtado e divertido, extremamente caricato e com apelo infantil. Fica impossível imaginar outra pessoa interpretando um vilão tão excêntrico dessa maneira tão boba quanto convincente. No quesito direção, Jeff Fowler opta por um ritmo rápido para acompanhar o personagem título, mas sem grandes estripulias que poderiam encaixar bem. Em uma sacada interessante e bem-humorada, porém, o diretor emula uma famosa cena, de outro personagem velocista, de uma certa franquia de mutantes do cinema.
Verdade seja dita, Sonic: O Filme não traz inovações para a indústria, nem conta uma história complexa. Apostando no trivial, porém, consegue ser espirituoso e criar sua identidade, apresentando boas piadas e momentos de diversão, principalmente para as crianças.

Por Giuseppe Turchetti