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quinta-feira 7 novembro 2024
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Coluna de Cinema – Destruição Final: O Último Refúgio

Como manda a tradição, uma vez a cada, mais ou menos, dois anos é lançado um desses filmes popularmente chamados de filme-desastre. Muito embora tal nomenclatura não tenha relação nenhuma com a qualidade da produção, normalmente o desastre da trama acompanha a bilheteria. Para completar a receita, Gerard Butler estrela o longa, deixando mais clara a sensação de déjà-vu.

De ator promissor quando mais jovem, Butler vem com uma maré de azar que se alonga pelos anos, com exceção da sua própria franquia de invasão na Casa Branca. Tendo fresco na memória a produção-desastre anterior, o terrível Tempestade: Planeta em Fúria (Geostorm – 2017), é comum que tenhamos uma pré-indisposição natural para essa nova empreitada, ainda mais se tratando de um apocalipse em pleno 2020, como se fosse necessária uma ficção que trate de “fim dos tempos”.

O primeiro ato de Destruição Final entrega todos os ingredientes que já estamos acostumados. Apresenta nosso personagem principal e sua família e, através de cenas do cotidiano, tenta criar relação imediata com o público para que nos importemos com eles e embarquemos na história. Apesar dos clichês, a produção, sabiamente, segue por caminhos um tanto diferenciados ao adentrar seu ato de desenvolvimento. Curiosamente deixando de lado a destruição causada pelo cometa, a trama foca nas relações interpessoais bem humanas do apocalipse. Com essa pegada mais intimista, o que vemos são as diferentes reações das pessoas diante tamanha adversidade, que acaba revelando até mesmo instintos animalescos em muitas delas. A ideia de existir um programa secreto do governo selecionando poucas famílias para o refúgio pode não ser novidade, mas a maneira aqui trabalhada até surpreende, visto que é comum dar preferência ao show visual e criativo que Hollywood gosta de mostrar nesse subgênero.

Oficialmente se tratando de uma obra de ação e suspense, o filme é operante em ambos. Consegue criar cenas tensas que mesclam bem os gêneros e até empolgam brevemente o público. Contando com sólidas virtudes, problemas, porém, não deixam de existir. O roteiro em si, mesmo sendo safo e flertando com criatividades pontuais, não consegue alçar voo e deixar para trás o patamar do genérico. Muitas situações são previsíveis e conseguimos telegrafar os próximos acontecimentos. Além disso, uma certa preguiça narrativa faz com que conveniências pontuais empurrem a trama na direção que o roteiro precisa. A direção de Ric Roman Waugh não se destaca. É eficiente, mas cai na velha armadilha de usar muita câmera tremida na procura de intensificar a ação.

Destaque para a atriz brasileira Morena Baccarin, que entrega momentos que mais se aproximam de nos causar emoção.

Incomparavelmente superior ao primo Tempestade, de 2017, Destruição Final não traz nada novo, apesar de dispor de boas ideias para contar a história sob uma ótima menos global e sensacionalista. Prende a atenção e diverte mesmo não tendo força suficiente para perdurar muito tempo em nossas memórias.

Por Giuseppe Turchetti