A indústria é nossa
Por Rafael Cervone / Elder Alves Pereira Couto
Pouco tempo depois da morte do escritor, advogado e ativista Monteiro Lobato, cujo transcurso de 75 anos é celebrado em 2023, nascia o CIESP Taubaté, em 29 de setembro de 1951, cuja trajetória é congruente com a mobilização do polêmico filho da cidade em favor da economia brasileira. O trabalho da entidade tem sido expressivo no sentido de promover o fomento da indústria, crucial para o desenvolvimento.
É o que demonstram números do IBGE: nos 28 municípios incluídos na jurisdição da Diretoria Regional, vivem 1,7 milhão de habitantes. O parque fabril local é constituído por 1.437 empresas, com destaque para a fabricação de alimentos, produtos de metal e minerais não metálicos, manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos. O setor é responsável por cerca de 20% dos empregos formais na região, mantendo 54.411 postos de trabalho formais em julho de 2023, acumulando, até esse mês, saldo positivo de 1.256 vagas.
Não restam dúvidas quanto ao significado da indústria para a economia, pela quantidade e qualidade dos empregos que gera, aporte de inovação e tecnologia, valor agregado à pauta de exportações e aumento da participação brasileira no mercado global de bens mais sofisticados.
Nosso país só tem a ganhar com o fortalecimento e avanço da manufatura, que já representou mais de 25% do PIB nacional, mas hoje responde por 11,3%. Essa retração do setor é uma das principais causas do nosso baixo crescimento econômico na média das últimas três décadas.
Cabe enfatizar que a indústria tem fator multiplicador de 2,15, o maior dentre todos os ramos de atividade. Isso significa que, a cada R$ 1,00 que produz, são gerados R$ 2,15 na economia. Assim, seu fortalecimento tem forte impacto socioeconômico, contribuindo para a inclusão, criação de empregos e melhor distribuição de renda. Por todas essas concretas razões, temos defendido uma política eficaz para o setor, esperando que o programa de neoindustrialização anunciado pelo governo tenha pleno êxito.
A comunidade internacional e as principais economias reconhecem o papel decisivo da indústria para incrementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a necessidade de programas de Estado, e não de governos, para o impulso do setor. Nosso país já apresentou períodos de crescimento virtuoso, puxado pelo vigor das fábricas. Agora, precisa resgatar esse motor, a partir de uma visão contemporânea, digital e sustentável, voltada ao advento de uma economia menos intensiva em carbono, mais produtiva, socialmente mais justa e inclusiva.
O CIESP Taubaté, ao comemorar seu aniversário de 72 anos, é parte importante nessa jornada. Parodiando a antológica frase de Monteiro Lobato – “O Petróleo é nosso” -, afirmamos que “a indústria é nossa”, ou seja, de todo o povo brasileiro. O setor é um patrimônio da economia nacional, cujos trabalhadores, tanto empresários quanto colaboradores, contribuem de modo decisivo para o crescimento sustentável e o progresso do País.
Rafael Cervone é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).
Elder Alves Pereira Couto é o diretor-titular do CIESP Taubaté.