A notícia publicada pelo Diário de Taubaté no começo de janeiro, de que o ex-prefeito e ex-deputado estadual Salvador Khuriyeh poderá disputar a sucessão do prefeito Júnior Ortiz, não chegou a ser uma bomba, mas abalou profundamente o debate político municipal.
Caso se confirme – como esperam os petistas de Taubaté e a direção estadual do PT – a candidatura Salvador já nascerá como uma das favoritas, podendo atrair eleitores de diversos setores, que não se afinam com a administração do PSDB. Na verdade, nem é um descontentamento com a atual Administração, criticada por muitos mas também elogiada por muitos munícipes: o que ocorre é uma fadiga natural depois de quase 38 anos de domínio da cidade pelo mesmo grupo político. Foi em 1982 que o engenheiro Bernardo Ortiz elegeu-se pela primeira vez, tomando posse no ano seguinte. De lá para cá, foi prefeito três vezes, e elegeu seus sucessores, rompendo logo com todos (menos com o filho Júnior que conclui agora seu segundo e último mandato).
Como em tudo na vida, também na Política há uma “fadiga de materiais”. O que um dia foi novidade e ousado, com o tempo vira rotina e acomodação. Nos últimos anos, no Brasil, o que mais de ouve do eleitor é o desejo de renovação, de mudança das práticas políticas e de superação da corrupção.
Neste quadro, como reconhecem os principais líderes políticos e empresariais de Taubaté (além dos movimentos sociais e partidos ditos progressistas, à Esquerda), o nome de Salvador pode empolgar uma larga faixa do eleitorado. Embora seja o mais experiente dos pré-candidatos hoje cogitados, Salvador é ainda jovem e tem grande aceitação na juventude. Como saiu da Prefeitura com enorme aprovação popular, os mais velhos lembram-se dele como um bom prefeito, o que poderá ser transmitido aos mais jovens nos meses de campanha. Um fator que pesará muito, além do currículo do candidato, é o fato de ser Salvador o único ex-prefeito de Taubaté vivo que é “ficha-limpa”, não responde e nunca foi condenado por nenhum caso de corrupção ou desvios. isso, apesar de ter administrado o município e depois o SPTrans, maior empresa de transportes urbanos do mundo, com um orçamento de 6 bilhões de reais, cinco vezes maior do que o orçamento de Taubaté!
É cedo para prever qualquer coisa em relação ao pleito de outubro, até porque o quadro de candidatos não está definido e muitas alterações ocorrerão. Mas o fato é que o tabuleiro mudou com a entrada em cena do nome de Khuriyeh. E a situação do grupo Ortiz ficou bem mais complicada.
Por Antonio Barbosa Filho – Jornalista