Entre os destaques estão um dos carros rivais da Ferrari na década de 1950 e o famoso Tucker ´48, que foi de propriedade do diretor de cinema George Lucas
Quatro meses após sua inauguração oficial (28/11/2024), o CARDE, museu de Campos do Jordão (SP) que reúne Carros, Arte, Design e Educação, apresenta novidades surpreendentes em seu acervo, que conta com mais de 100 veículos expostos e cerca de 500 carros em sua reserva técnica.
O museu, que se destaca por seus conceitos inovadores em interatividade, experiência, cenografia e acervo de nível internacional, traz agora aos seus visitantes três modelos exclusivos em nível mundial: Ferrari 212 Vignale, Pegaso Z-102 e o Tucker ´48.
FERRARI 212
INTER COUPE 1953
Produzido pela Ferrari a partir de 1950 e comercializado até 1953, o modelo 212 representava a evolução final do tipo 166. Disponível nas configurações Inter e Export, nomenclaturas orientadas para o turismo e para a competição, diferenciavam-se pela distância entre eixos. O automóvel em exposição é equipado com um motor V12, de 2,5 litros, de 170 cavalos de potência.
Possui tripla carburação Weber, câmbio manual de cinco marchas e é capaz de atingir a velocidade máxima de 200 quilômetros por hora. Desenhado por Giovanni Michelotti e construído pela Carrozzeria Vignale, em 1953, o moderno Coupe de linhas arrojadas foi faturado para Luigi Chinetti, representante e distribuidor da marca italiana nos Estados Unidos. Único e exclusivo, faz parte de uma pequena tiragem de seis exemplares similares fabricados.
PEGASO Z-102
BERLINETTA SERIES II 1954
Considerado, em sua época, o automóvel de produção em série mais rápido do mundo, o Pegaso Z-102 foi fabricado entre os anos de 1951 e 1958, em Barcelona, na Espanha. Concebido pelo engenheiro Wifredo Ricart e construído nas antigas instalações da marca Hispano-Suiza, o exótico esportivo espanhol se tornou símbolo de exclusividade.
Criado para competir diretamente com a Ferrari, seu nome evidenciava a rivalidade com a empresa italiana, está representada pelo cavallino rampante.
O modelo em exibição foi produzido em 1954 e possui desenho assinado pela fabricante francesa de carrocerias especiais Saoutchik.
Exposto no Salão do Automóvel de Paris, o Z-102 é equipado com um motor V8, de 2,8 litros e 195 cavalos de potência. Veloz, é capaz de atingir a velocidade máxima aproximada de 240 quilômetros por hora e faz parte de uma pequena tiragem de sete unidades produzidas.
TUCKER ’48 1948
Apresentado no final da década de 1940, o Tucker é considerado um dos automóveis mais famosos e polêmicos da história da indústria automobilística norte-americana. Idealizado por Preston Tucker e estilizado por Alex Tremulis, o revolucionário veículo ostentava soluções nada convencionais em comparação aos outros carros produzidos, até então, nos Estados Unidos.
Anunciado em uma época a qual o mercado interno carecia de lançamentos, o Tucker ‘48 não só atraía a atenção pelo desenho futurista, como instigava o público e a imprensa por suas inovações tecnológicas e de segurança.
Moderno, era equipado com um motor de helicóptero adaptado, traseiro, de seis cilindros e de 166 cavalos de potência.
Capaz de alcançar a velocidade máxima aproximada de 190 quilômetros por hora, possuía forração acolchoada no painel, instrumentação completa na coluna de direção, portas ‘suicidas’ (em sentido invertido) e um farol central que acompanhava o movimento do volante. Apesar da repercussão positiva, o projeto não evoluiu como planejado.
Preston Tucker foi alvo de uma investigação judicial e, mais tarde, foi acusado de fraude. Ainda que sua inocência fosse comprovada, a reputação e a situação financeira da empresa nunca mais voltariam ao normal. Das 51 unidades construídas, restam apenas 47 no mundo, a grande maioria, nas mãos de colecionadores e de museus importantes. O exemplar em exibição é o terceiro Tucker ‘48 fabricado, chassis de numeração #1003. Uma das curiosidades marcantes da unidade exposta no CARDE é que ele foi de propriedade do diretor de cinema George Lucas, criador das franquias Star Wars e Indiana Jones.
“Temos trabalhado de forma constante para sempre apresentar novidades para nossos visitantes. Desde a chegada de novos modelos, como esses três que estamos apresentando, até nossas ações exclusivas em datas comemorativas como o Carnaval, quando fizemos desfiles de corsos carnavalescos, reforçando sempre nossa meta de educação e cultura para a população, que são os principais pilares da Fundação, explica Luiz Goshima, idealizador do projeto e diretor-executivo do museu, que também atua como conselheiro e membro honorário da Fundação Lia Maria Aguiar (FLMA).
CARDE conta a história do Brasil tendo os automóveis como fio condutor
No meio de uma floresta preservada de araucárias na cidade de Campos do Jordão, a 170 quilômetros de São Paulo, o CARDE surge como um espaço dedicado à valorização da cultura e da história do Brasil, principalmente a do século 20, utilizando o automóvel como personagem principal. O museu traz uma forma única de contar os fatos históricos, já que muitos dos automóveis ali apresentados são mais que produtos para mobilidade — eles se tornaram parte da trajetória do nosso País.
São ambientes imersivos, divididos de acordo com as décadas dos anos 1900, com fatos e histórias marcantes. Cada ambiente foi montado a partir de detalhado estudo histórico para somar referências de época. O CARDE conta com centenas de obras de arte espalhadas pelo museu, entre quadros, gravuras, joias e esculturas de artistas como Candido Portinari, Di Cavalcanti, José Zanine Caldas, Frans Krajcberg, Vik Muniz, Oswaldo Teixeira, Djanira da Motta e Silva, Agostinho Batista de Freitas, Heitor dos Prazeres, José Antônio da Silva, Niccolò Frangipane, Yutaka Toyota, entre outros, que auxiliam na construção de uma visão clara sobre cada momento de nossa sociedade no século 20. Essa combinação harmoniosa de objetos artesanais e tecnologia tem como fio condutor o item de grande apelo afetivo que faz parte da vida das pessoas: o automóvel.
O prédio, de seis mil metros quadrados, construído em um terreno de 200 mil m2 no bairro Alto da Boa Vista, a 10 minutos do centro de Campos do Jordão, conta com iluminação teatral, cenografia rica em detalhes e muita tecnologia. Cada sala tem painéis de LED de alta definição para vídeos históricos e artísticos e sistema de som 5.1, que tornam a experiência sensorial única. Os ambientes contam com um sistema de luz e som com trilhas sonoras sincronizadas com os vídeos, produzidos com o auxílio da computação gráfica a partir de uma pesquisa histórica profunda. Monitores touchscreen complementam o conteúdo em diversas áreas.
O CARDE é uma evolução do pilar de educação da Fundação Lia Maria Aguiar (FLMA) e representa sua abertura para toda a população brasileira e mundial.
Em 2025, a instituição independente e sem fins lucrativos irá completar 17 anos de atuação em arte, cultura, educação, saúde e desenvolvimento social em Campos do Jordão.
Lia Maria Aguiar é reconhecida pela Imprensa pela criação do CARDE
Recém-inaugurado, o CARDE já foi motivo para duas homenagens à sua maior incentivadora e responsável pela sua realização: Lia Maria Aguiar. No dia 26 de novembro de 2024, na noite de entrega de prêmios do Carro do Ano 2025,
Dona Lia, como é chamada carinhosamente pelos mais de 700 alunos da FLMA, recebeu a homenagem que a colocou no Hall da Fama da publicação, que reconhece pessoas que fizeram a diferença na história da indústria automobilística nacional, pelo seu amor ao antigomobilismo, com a idealização e a realização do CARDE.
O reconhecimento ocorreu em um momento emblemático para a publicação da Editora Globo, que em novembro completou 60 anos de mercado. Na capa que celebrou a efeméride está o Willys Interlagos de No 22, da equipe que fez história no automobilismo nacional. Uma recriação, seis décadas depois, da capa da primeira edição da revista AutoEsporte, de 1964. A curiosidade? O modelo, impecavelmente restaurado, é uma das atrações do CARDE.
Já no dia 28 de novembro, mesmo data da inauguração do CARDE, foi a vez da Associação Brasileira da Imprensa Automotiva (Abiauto), homenagear a iniciativa de Dona Lia e Luiz Goshima pela idealização e realização do museu
de Campos do Jordão. Segundo o presidente da entidade, Antonio Fraga, “o CARDE é um legado de grande relevância para o Brasil e importante marco para a manutenção da história da indústria automobilística no País”.
“É uma alegria muito grande para nós recebermos esses reconhecimentos e homenagens tão relevantes. Concebemos o CARDE pensando no visitante, com o máximo de carinho e foco em uma transmissão eficiente de cultura, por meio dos automóveis e obras de arte, que contam o nosso Brasil de forma bastante democrática e abrangente”, afirma Goshima.
As jornalistas do Diário de Taubaté, Ana Luíza Stipp e Glaucia Moraes estiveram presentes neste evento a convite do Museu CARDE.