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sexta-feira 20 setembro 2024
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Breve reflexão sobre palestras espíritas

• Gerson Sestini – Rio de Janeiro / RJ
A maioria das pessoas afirma que o principal objetivo das palestras nos centros espíritas está na divulgação da Doutrina. Outras destacam o ensinamento do Evangelho de Jesus acima de qualquer outro objetivo. Mas, também há as que defendem a consolação em primeiro lugar, lembrando que muitos procuram a casa espírita para se acalmar, e nada melhor do que os conceitos de paz, do acolhimento da palavra fraterna para promover o reequilíbrio mental e emocional. A nosso ver, estes objetivos estão mais que corretos, porque, sendo a palestra, muitas vezes, um primeiro encontro com o Espiritismo, o visitante casual ou necessitado, estará interessado em um deles. Diante de um público com diversos níveis etários e culturais, o orador, ou a oradora, precisa observar que tais diferenças exigirão uma série de cuidados para poder interessá-lo contando com número acima da média dos presentes. Falar só sobre um dos objetivos básicos poderá levar parte do auditório a desvanecer seu interesse se o palestrante não despertar algo mais junto de suas palavras. O expositor mais atento costuma, como recurso, entremear a sequência de apontamentos com uma ilustração ou um pequeno caso que se ajuste a eles, despertando novamente a atenção que tenha se desviado. Usar termos eruditos e específicos exige equilíbrio; podendo-se evitá-los, substituí-los por outros que levem a compreensão a um número maior de espectadores. O que não pode haver numa palestra pública da casa espírita são alusões diretas sobre assuntos inapropriados ao ambiente, palavras condenatórias para atos extremos de desequilíbrio como o suicídio, termos contundentes sobre os equívocos de toda sorte, críticas sobre religião ou política, e em especial, o cuidado em lidar com setores onde haja grupos contrários, tolerando-se, entretanto, o humor bem aplicado, como João Paulo II o fez num encontro, no Rio, afirmando que ‘se Deus era brasileiro, o papa era carioca’.
Como seria, então, a palestra para que um público heterogêneo tivesse um maior aproveitamento? Vários cuidados devem ser observados, um dele seria dilatar a habilidade de manter o auditório atento sem ultrapassar os limites do bom senso com tiradas que extrapolem os objetivos. Que os expositores treinem a flexibilidade necessária, alternando os assuntos básicos conforme a conveniência, pois somente aqueles raros que nasceram talhados para a palavra radiante é que podem utilizá-la da forma como são intuídos para encantar e manter o auditório aceso e fixado em suas palavras. A maioria dos palestrantes, contudo, precisa desenvolver os recursos na tarefa que lhes cabe em sua comunidade, chegando muitas vezes, a serem considerados como bons oradores, requisitados para outras comunidades, porque o conseguem pelo seu esforço próprio, auxiliados pela Espiritualidade. Porém, não podem parar de estudar e aperfeiçoar-se moralmente porque, pelo fato de alguns terem já atingido um bom nível em suas palestras, estacionam ou diversificam suas atividades enfraquecendo suas possibilidades, e é o que se tem notado, principalmente com o elemento masculino, notando-se, em contrapartida, que as mulheres neste ponto são mais cuidadosas e disciplinadas, mormente quando se dedicam em doar seu amor junto das palavras, para elevar o padrão vibratório do auditório.
Existem cursos sobre exposição e oratória, contudo, no meio espírita, basta que comecemos com pequenos comentários dirigidos aos atendimentos na assistência social, ou nos estudos em grupo, fazendo um resumo para os colegas, por exemplo, da aula estudada. Junto à mocidade, entre outras atividades, o teatro é um excelente caminho para uma dicção melhor, aliada a pausas, a entonações e o gestual. Enfim, a comunicação tem várias vertentes para se tornar de boa qualidade; basta que o candidato perca a timidez e se esforce, sabendo de antemão que no caminho da evolução, em alguma ocasião, colocado diante de um público, não poderá eximir-se de dirigir sua palavra a ele.