Doença, que tem o tabagismo como principal causa, acomete 6 milhões de brasileiros
Novembro é o mês de conscientização da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), antigamente chamada de bronquite e enfisema pulmonar, a qual será a terceira principal causa de morte no mundo até 2020. Entre os países com maior número de casos desta doença está o Brasil, com mais de 6 milhões de pacientes com DPOC, juntamente com a China, Índia e Estados Unidos. A DPOC é um sério problema de saúde pública, acomete 10% da população adulta, mas é subdiagnosticada e subtratada.
“Cerca de 80% das pessoas nem sabem que têm a doença, sendo que apenas 12% dos pacientes recebem o diagnóstico e somente 18% seguem o que foi prescrito pelo médico². Além disso, a cada um minuto, três pessoas morrem de DPOC no Brasil²”, alerta o pneumologista José Eduardo Cançado, Professor e Pesquisador da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
A doença também é a quarta causa de internação no Sistema Único de Saúde, sendo que, em 2018, mais de 110 mil pessoas foram internadas com o quadro nos hospitais públicos do país, totalizando 8 mil mortes, e custo total de mais de R$ 100 milhões.
Mas, diante de um cenário preocupante, há uma boa notícia. A DPOC pode ser prevenida. Isso porque o tabagismo é responsável por cerca de 80% dos casos, incluindo os fumantes ativos ou passivos. “É essencial que as pessoas abandonem o cigarro e, sobretudo o narguilé, já que uma hora usando o aparelho equivale a fumar 100 cigarros de uma única vez”, recomenda.
A exposição prolongada e constante a outros tipos de substâncias advindas da fumaça (fornos a lenha ou carvoarias) ou da poluição também podem causar a DPOC.
Como reconhecer a condição
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica consiste numa doença respiratória crônica caracterizada pela obstrução brônquica persistente, associada a uma inflamação crônica aumentada das vias aéreas em resposta a partículas e gases nocivos.
A condição costuma ser uma doença silenciosa justamente porque começa com falta de ar (dispneia) para realizar tarefas simples e tosse acompanhada de pigarro. Infelizmente, os pacientes acham que essas manifestações são consequências do tabagismo e não procuram ajuda.
“Com o tempo, a dispneia aumenta mesmo em repouso, prejudicando muito a qualidade de vida do paciente e levando à incapacitação. O mesmo acontece com a tosse e os escarros que se tornam crônicos e intensos. Ou seja, com o tempo, o quadro resulta em uma perda progressiva da capacidade pulmonar, podendo levar à morte”, esclarece o pneumologista.
Para identificar o quadro, recomenda-se a espirometria, também chamada de “teste do sopro”, em que é usado um aparelho no qual a pessoa assopra para avaliar a capacidade pulmonar, pela quantidade de ar que é capaz de colocar para dentro e para fora dos pulmões – e a velocidade com que faz isso.
Opções de tratamento
Apesar de não ter cura, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) pode ser tratada. E, quanto antes acontece o diagnóstico da condição, mais eficaz costuma ser o tratamento, reduzindo a velocidade de progressão da doença.
A base do tratamento medicamentoso inclui os broncodilatadores por via inalatória, os quais proporcionam alívio sintomático, além do uso associado de corticosteroides inalados em casos de pacientes com histórico de exacerbações.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar o registro de um novo medicamento que traz um avanço significativo no tratamento e adesão dos pacientes justamente porque traz uma combinação tripla de substâncias extrafinas, em dose fixa, administradas de uma única vez por meio de um dispositivo inalatório.
A combinação reúne em um único dispositivo três substâncias ativas: dipropionato de beclometasona (um anti-inflamatório da classe dos corticosteroides inalados (CI)) e dois broncodilatadores (fumarato de formoterol – um agonista beta-2 de longa ação) e o brometo de glicopirrônio (um antagonista muscarínico de longa ação). Por trazer partículas extrafinas, o novo medicamento possui um alcance maior das pequenas vias aéreas, local inicial de desenvolvimento da DPOC.
“O uso de um único inalador simplifica a administração da terapia, e, portanto, melhora a adesão do paciente ao tratamento e, consequentemente, seu estado clínico”, avalia o Dr. Cançado.
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O programa de desenvolvimento clínico dessa nova combinação tripla extrafina em dose fixa trouxe dados robustos de superioridade em todos os desfechos clínicos primários definidos nos estudos, como ganho de função pulmonar e principalmente a redução de exacerbações, assegurando sua eficácia e segurança frente às classes farmacológicas existentes utilizadas atualmente no tratamento da doença. A exacerbação da DPOC é definida como um agravamento dos sintomas respiratórios que exigiam tratamento com corticosteroides sistêmicos, antibióticos, ou internação hospitalar ou qualquer combinação dos mesmos. Exacerbações graves são consideradas aquelas que precisam de hospitalização ou resultam em óbito.
A diretriz internacional GOLD (2019) considera as exacerbações como eventos importantes no tratamento da DPOC, porque impactam negativamente o estado de saúde, as taxas de hospitalização, de readmissão hospitalar e a progressão da doença. As exacerbações também aceleram o declínio progressivo da função pulmonar e sua frequência é agora reconhecida como componente chave na caracterização de pacientes com DPOC. Portanto, a prevenção e o tratamento das exacerbações da DPOC (em particular as exacerbações moderadas e graves) tornaram-se o foco principal dos profissionais de saúde.
Além da medicação, faz parte do tratamento a prática de exercícios físicos regulares e vacinação contra gripe e contra o pneumococo, para prevenir as infecções que mais frequentemente desencadeiam as exacerbações.