As tartarugas marinhas estão voltando a habitar as praias brasileiras. Essa é a notícia que está deixando otimista o fundador do Projeto Tamar e atual diretor de comunicação e relações públicas da instituição, o oceanógrafo Guy Marcovaldi, 65 anos. Segundo informações repassadas pelos pesquisadores que coordenam as principais áreas de desovas das 5 espécies que ocorrem no Brasil, que se estendem de São Tomé, no Rio de Janeiro, até a praia de Pipa, no Rio Grande do Norte, o número desses animais tem aumentado consideravelmente. Em Fernando de Noronha também está sendo evidenciada a recuperação das tartarugas-verdes.
Mas, os principais destaques na quantidade de desovas e recuperação do número de animais estão situados nas praias da Bahia e Sergipe. Esses estados apresentam grandes números de tartarugas cabeçudas e tartarugas-de-pente. Vale destacar ainda as Lepidochelys olivacea, conhecidas como “olivas de sergipe”. Elas também começaram em números significativos a se reproduzir no litoral baiano. Por causa disso, os biólogos as apelidaram carinhosamente de “novas baianas”.
Para se ter ideia, em 1985 os pesquisadores do Tamar registraram três desovas de olivas na Praia do Forte (BA). Já em 2017, esse número aumentou para 159. Localidades como Sauípe, Sítio do Conde e, principalmente, Mangue Seco foram “invadidas” pelas novas baianas. Apesar do crescimento do número de desovas no território baiano, o número de olivas continua muito maior em Sergipe, berço da espécie no Brasil. “Quando minha filha nasceu, a praia já estava melhor do que quando eu era estudante. Anos depois, minha neta encontrou um cenário ainda mais positivo. A expectativa é que a situação melhore ainda mais nos próximos anos, para as gerações futuras. Isso tudo graças ao trabalho e dedicação das equipes de campo do Tamar espalhadas por várias praias brasileiras.
Há quase 40 anos mantemos um trabalho eficaz, de forma ininterrupta. O apoio da sociedade e de parceiros importantes como o Centro Tamar/ICMBio e da Petrobras, que é nossa patrocinadora desde 1982, também é fundamental para esses resultados positivos” destaca Marcovaldi.
Outras áreas do país também se destacam como berçários importantes, como é o caso de Regência, Povoação e Pontal do Ipiranga, no Espírito Santo. O estado é o único que tem registros regulares de desova no Brasil das tartarugas gigantes ou de couro (Dermochelys coriacea).
O aumento do número das tartarugas nas praias brasileiras é importante e há uma explicação para um cenário tão positivo: as tartarugas marinhas estão sendo protegidas há quase 40 anos nas principais áreas de desova do país. Tempo suficiente para o nascimento e reprodução de uma geração de tartarugas, para algumas espécies quase até duas.
O crescimento do número desses animais é acompanhado de perto pelos pesquisadores do Tamar, que desenvolvem uma avaliação constante a longo prazo, com base científica. Apesar dos resultados animadores ainda há muito a fazer. As tartarugas marinhas possuem um ciclo de vida longo e complexo e vivem a maior parte dele no mar, sendo a pesca acidental, por redes e anzóis, a maior ameaça que enfrentam.
Para acompanhar o nascimento das tartarugas marinhas, visite as bases do Tamar no Espírito Santo (Vitória e Regência), na Bahia (Arembepe e Praia do Forte) ou em Sergipe (Aracaju e Pirambu). Há ainda áreas de alimentação em Ubatuba (SP), Florianópolis, Barra da Lagoa e no Beto Carrero World (SC). O Tamar recebe quase um milhão de visitantes por ano, que movem, motivam e juntos com os apoiadores foram decisivos para essa vitória das tartarugas marinhas brasileiras.