Incentivar a leitura para melhorar a qualidade de vida no Brasil. Esse é o objetivo da 19ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, a Bienal Rio, aberta na sexta-feira, dia 30, no Riocentro, na Barra da Tijuca. Logo na entrada, no Pavilhão das Artes, um painel de 210 metros quadrados com personagens de Mauricio de Sousa, como Mônica e sua turma, prestou homenagem aos 60 anos de profissão do cartunista e escritor, que é membro da Academia Paulista de Letras.
Mauricio de Sousa assinou o painel e, em um pedaço do mural, desenhou o cachorrinho Bidu, seu primeiro personagem dos gibis. Sousa destacou que tanto a revista em quadrinhos como o livro são estimuladores da leitura.
O livro é o lado mais nobre, mas o gibi é a porta de entrada do processo de formação de leitores. Ele espera que os cidadãos brasileiros possam ser incentivados a ler cada vez mais. Mauricio de Sousa afirmou que a Bienal “é o momento mágico do encontro meu com meus leitores”. Ele pretende continuar criando cada vez mais. “Meu sonho é criar mais livros do que gibis”.
O presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), promotor do evento com a GL exhibitions, Marcos da Veiga Pereira, destacou que Mauricio de Sousa “está associado diretamente à história da Bienal, está sempre presente no evento”. Pereira afirmou que o painel que homenageia o cartunista “engrandece e dá uma nova luz ao evento. O fato de estarmos inaugurando a Bienal com Mauricio de Sousa vai ser nosso amuleto, vai dar muita sorte”.
O presidente do Snel falou sobre a importância da leitura e da educação em tempos de crise e desigualdade social. “Promovemos com o (Instituto) Pró-Livro uma pesquisa do impacto do ato de ler no rendimento dos alunos. Os resultados indicam que ainda há muitas dificuldades e é preciso investir mais, tanto nos professores, quanto nos alunos, a partir da leitura. A cada ataque à educação, é preciso dobrar o acesso aos livros”, sinalizou.
Café Literário
Também hoje, a escritora Ana Maria Machado participará de uma roda de conversa no primeiro Café Literário da Bienal, onde será homenageada por seus 50 anos de carreira. Ana Maria disse à Agência Brasil que “a homenagem é sempre uma coisa bem-vinda, uma coisa gostosa da gente receber”. Segundo ela, todo mundo merece um reconhecimento pelo que faz. “Artista de palco tem o reconhecimento na hora, quando o aplaudem; a gente que é escritor tem o reconhecimento depois. É bom”.
Eleita em 2003 para a Academia Brasileira de Letras (ABL) para ocupar a cadeira número 1, sucedendo o jurista Evandro Lins e Silva, a autora presidiu a entidade em duas ocasiões: em 2012 e 2013. O atual presidente da ABL, professor Marco Lucchesi, considera Ana Maria Machado um dos grandes orgulhos do Brasil. “O seu legado, a sua trajetória, seu compromisso com a literatura são absolutamente admiráveis e ela representa não apenas a criatividade do nosso país, como também uma perspectiva de construção, porque sua obra literária pede a presença criativa e construtora do leitor”.
Lucchesi salientou que a obra de Ana Maria Machado contempla o espaço da alteridade. “E, dentro desse espaço, somos capazes de encontrar na sua obra aquilo que temos de melhor: o nosso rosto e o nosso estatuto de emancipação”.
Para o presidente do Snel e da Comissa~o da Bienal, Ana Maria Machado esta´ presente na formac¸a~o de todo pequeno leitor. “Suas histo´rias acompanham gerac¸o~es. Desde cla´ssicos da literatura infantil a textos para o pu´blico adulto. Sua obra e´ riqui´ssima. E´ um prazer abrir a ‘sala de visitas’ da Bienal do Livro para uma das maiores autoras do nosso pai´s”.
Formação
Na opinião de Ana Maria Machado, o Brasil ainda se ressente do fato de a formação dos professores não valorizar muito o convívio com a literatura. “Os professores, quando leem durante sua formação, leem livros técnicos. Então, eles se sentem inseguros para lidar com literatura. Eu acho que um incentivo a professores leitores vai ter reflexo em alunos leitores”. A escritora recordou que o Rio de Janeiro teve uma experiência nesse sentido na gestão de Claudia Costin na Secretaria Municipal de Educação do Rio, entre 2009 e 2014. Um dos resultados, “até inesperado”, foi que o aproveitamento dos alunos melhorou. “Os alunos que tinham professores que liam mais eram melhores”, disse Ana Maria.
Combate ao desperdício
Neste dia de abertura da Bienal Rio, um projeto chamou a atenção dos visitantes. A subsidiária da Eletrobras, Furnas Centrais Elétricas, estreou no evento com uma maquete energizada que demonstra o consumo de energia em uma residência e alerta para a importância do combate ao desperdício. Durante os dez dias da Bienal, o projeto Energia Social Furnas estimulará o consumo consciente de energia.
O gerente de Responsabilidade Sociocultural de Furnas, Marcos Machado, explicou que a maquete é uma casa miniatura que demonstra o consumo residencial de energia elétrica no dia a dia, de forma lúdica e pedagógica. “O objetivo é chamar atenção para a importância do combate ao desperdício de energia elétrica, provocando a reflexão do consumidor sobre seus hábitos de consumo”, afirmou.
A maquete energizada consiste em um painel vertical de representação tridimensional de uma residência familiar de classe média brasileira em dois pavimentos, que retratam diferentes ambientes incluindo sala de estar, cozinha e área de serviço, no térreo; quarto de casal, banheiro e quarto dos filhos, no andar superior, com os respectivos aparelhos eletroeletrônicos de uso da família. Por meio de simulação, o modelo estimula a percepção dos visitantes. Brincando de acender e apagar luzes, crianças, adolescentes e adultos conseguem ter uma real compreensão da importância de economizar energia.
Feira
Mais de 300 autores nacionais e estrangeiros participam da edição deste ano da Bienal do Livro do Rio, que terá em torno de 5,5 milhões de livros à venda pelas diferentes editoras. Considerado o maior festival literário do país, a Bienal se estenderá até o próximo dia 8 de setembro. Todas as sessões da programação oficial terão tradução simultânea em libras e o pavilhão infantil terá visitas guiadas para deficientes visuais.
Neste primeiro dia de funcionamento, um dos destaques para a criançada foi a oficina organizada pela Fundação Dorina Nowill, no Pavilhão Laranja, com jogos e brincadeiras do projeto Brincar sem Fronteiras. A entidade se dedica à inclusão social de pessoas com deficiência visual. Ainda hoje, no espaço dedicado à juventude, que é a Arena #Sem Filtro, o convidado é o escritor sueco Henrik Fexeus, considerado o maior mentalista do mundo na atualidade.
Especialista em linguagem não verbal e leitura de mente, Fexeus já vendeu, apenas no Brasil, mais de 100 mil exemplares do livro A Arte de Ler Mentes, pela Editora Record. A obra foi traduzida para 26 línguas e tem mais de um milhão de cópias vendidas. Segundo Fexeus, é possível identificar os pensamentos e sentimentos de uma pessoa a partir do tom de voz, postura corporal, respiração, entre outros fatores.