Em sua estreia na ficção, Giovana Proença narra identidade estilhaçada pelos Anos de Chumbo 1979. Com a Anistia, uma mulher retorna ao Brasil. Após anos na Argentina, é hora de voltar ao país de origem. Um trajeto marcado por uma cidade interiorana, uma casa e uma lápide. O regresso é também o despertar de lembranças incandescentes. Ele traz à memória o passado em cinzas da protagonista, Lígia. Os tempos da fuga reflete sobre identidades estilhaçadas pela repressão. Afinal, somente os sobreviventes podem contar histórias de chumbo.
Nas palavras do jornalista Matheus Lopes Quirino, que assina o prefácio do livro, “uma mulher atravessa o terreno minado da Ditadura com uma carta em mãos. Um desejo e uma promessa ali repousam. Seu destino está selado junto ao destino de um grupo de personagens contestadoras, ciosas, cuja ligação com a própria terra é amor, resistência, vida e sustento.
Ao buscar refúgio na história, nasce um romance. Uma fuga que se desdobra por cidades e um país. Em sua estreia, Giovana Proença mostra como o silêncio guarda frases fortes, enredos cinematográficos e personagens difíceis, amargas”.
Sobre este livro:
Ao receber a notícia de que os exilados da Ditadura foram anistiados, Lígia, até então disfarçada sob o nome de Virgínia, decide retornar ao Brasil. Sem destino certo, inicia uma peregrinação para descobrir o paradeiro daqueles que ama, ao mesmo tempo em que luta para fazer as pazes com um passado caleidoscópico e sangrento.
Dividido em duas partes e um epílogo, Os tempos da fuga narra a saga de uma mulher que, na intenção de reaver a identidade estilhaçada pela violência de um regime opressor, parece, na verdade, querer escapar — da própria história, de si mesma e até do leitor, a quem caberá reconstituir o mosaico de sua vida.
O quebra-cabeça que se monta, no entanto, é movediço, e pouca coisa se revela como de fato é. Para que se obtenham respostas, é preciso atravessar um campo minado de perguntas: como Lígia conseguiu se evadir daqueles que a perseguiam? Ela vai acatar os planos do pai e se casar com Carlos? Ou se deixará guiar por Ângela, jovem sedutora e misteriosa com quem troca cartas de conteúdo secreto? Sob que circunstâncias ela é obrigada a abandonar São Paulo e passar a morar em Saudade, pequena vila rural? Até que ponto a família que a acolhe é confiável? Giuliana, moça com quem desenvolve uma relação de afeto, é parceira ou vilã? Quem foge é, afinal, herói ou covarde?
Entre a literatura política, o testemunho histórico e a investigação existencial, Giovana Proença compõe, com destreza canônica, um romance de delicadezas cruéis e verdades elusivas, pensado e costurado, fragmento a fragmento, para culminar em um final que, de tão surpreendente, mais parece uma explosão.
– Pedro Jucá
Sobre a autora: Giovana Proença (Taubaté, 2000) é pesquisadora na área de Teoria Literária e Literatura Comparada na FFLCH-USP. Escreve sobre livros. Tem textos publicados nas revistas Cult e Carta Capital e nos jornais Rascunho, Estado de Minas, Le Monde Diplomatique Brasil, Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo.
Ficha Técnica
Título: Os tempos da fuga
Autora: Giovana Proença
ISBN: 978-65-5900-573-4
Páginas: 156
Tamanho: 14 x 22 cm
Preço: 58,00
Editora: Urutau