A Câmara de Taubaté realizou audiência pública, no dia 27, para debater a violação do direito do idoso. O evento foi dirigido pela vereadora Vivi da Rádio (PSC).
Representando o Creas (Centro de Referência Especializado em Assistência Social), Renata Gonçalves de Oliveira apresentou a rede de proteção do idoso, que inclui cinco unidades do Cras (Centro de Referência de Assistência Social), o Centro Dia do Idoso – que oferece proteção de média complexidade para idoso – e a instituição de longa permanência parceira da Prefeitura, Casa São Francisco de Idosos, que oferece 100 vagas.
Das demandas do Creas em 2018, 232 representaram casos de violações de direito a idoso, cerca de 47% dos atendimentos. “Qualquer pessoa que saiba ou está vivenciando uma situação de violência pode fazer denúncia no Disque 100, um canal superimportante que garante o sigilo da denúncia. Essa ligação vai ser passada para os órgãos de Justiça, e o Creas vai chamar a família e ver o que é possível fazer para garantir os direitos desse idoso”, explicou Renata.
Presidente do Conselho do Idoso de Taubaté, Lilian Zanca propôs uma reflexão: “Como estou cuidando do idoso do meu lado? Será que não estou cometendo uma violência?”. Ela mencionou uma conferência realizada em março, cujo tema incluía o desafio de atendimento aos idosos no século 21, e uma das deliberações da conferência está relacionada ao transporte público, tema que recebe o maior número de reclamações dos idosos.
A extensão universitária proporcionada pela Universidade de Taubaté, o PAIE (Programa de Atenção Integral ao Envelhecimento), foi apresentada pela professora Eliana Fátima de Almeida Nascimento. As atividades oferecidas compreendem oficinas e cursos que proporcionam a promoção à saúde e o conhecimento do processo de envelhecimento. Ela convidou a população a participar de um fórum sobre o assunto no sábado, 29, a partir das 8h30, no campus Bom Conselho.
Comandante da Guarda Civil, Rodnei Monteiro dos Santos lembrou que, a partir de 2014, a GCM passou a fazer patrulhamento na cidade e houve a percepção da necessidade da segurança não só das pessoas da terceira idade, mas para toda a população. “Este ano já atendemos quase dez ocorrências envolvendo pessoas da melhor idade”, disse, citando a ocorrência em uma agência bancária onde havia um “chupa-cabra”, equipamento instalado por bandidos nos caixas eletrônicos para roubar a senha e os dados do cartão.
Gestor de educação para o trânsito, Fábio Moutinho disse que a Secretaria de Mobilidade Urbana tem estudado para identificar os problemas e gargalos das vias onde acontecem acidentes no município, porém, ele reconheceu que o número de mortes ainda é acima do esperado. “Em média, o perfil do acidentado é homem, a idade é entre 18 e 35 anos, e o horário é das 8h às 18h. Não é balada, nem bebida, é gente se deslocando para o trabalho ou estudo”, exemplificou.
Advogada especialista em saúde pública, Adriana Zamith foi presidente do Conselho Municipal do Idoso entre 2012 e 2014. Ela destacou os principais problemas relatados no Conselho, entre os quais saúde pública, taxa de violência, falta de medicamento e de leito. Ela mencionou que o idoso também pode recorrer à Justiça para exigir dos filhos o pagamento de pensão alimentícia.
Geriatra da rede municipal de saúde, Maria Cecília Brandão Fernandes contou que a expectativa de vida no Brasil aumentou 25 anos nos últimos 50 anos, e isso trouxe novos desafios, especialmente ligados aos idosos, como a dependência e o consequente aumento da violência praticado contra eles. “É preciso ficar atento a outro tipo de violência, que não é física, mas dissimulada: a negligência, que deve ser entendida como omissão na provisão ou administração de cuidados adequados.”