O atentado ao “Charlie Hebdo” trouxe comparações pela imprensa brasileira ao jornal “ O Pasquim”. “O Pasquim” foi um semanário alternativo brasileiro, de humor ácido e exagerado, editado entre 26 de junho de 1969 e 11 de novembro de 1991, reconhecido pelo diálogo entre o cenário da contracultura da década de 1960 e por seu papel de oposição ao regime militar. A princípio uma publicação comportamental (falava sobre sexo, drogas, feminismo e divórcio, entre outros) “O Pasquim” foi se tornando mais politizado à medida que aumentava a repressão da ditadura, principalmente após a promulgação do ato AI-5. “O Pasquim” passou então a ser porta-voz da indignação social brasileira, chegando ter uma tiragem de até 200 mil exemplares.
Um pouco da história do “O Pasquim”
O projeto nasceu no fim de 1968, após uma reunião entre o cartunista Jaguar e os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral; o trio buscava uma opção para substituir o tabloide humorístico “A Carapuça”, editado pelo recém-falecido escritor Stanislaw Ponte Preta. O nome, que significa “jornal difamador, folheto injurioso”, foi sugestão de Jaguar. “Terão de inventar outros nomes para nos xingar”, disse ele, já prevendo as críticas de que seriam alvo.
Com o tempo figuras de destaque na imprensa brasileira, como Ziraldo, Millôr, Prósperi, Claudius e Fortuna, se juntaram ao time, e a primeira edição finalmente saiu em 26 de junho de 1969.
Além de um grupo fixo de jornalistas, a publicação contava com a colaboração de nomes como Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa, Carlos Leonam e Sérgio Augusto, e também dos colaboradores eventuais Ruy Castro e Fausto Wolff. Como símbolo do jornal foi criado o ratinho Sig (de Sigmund Freud), desenhado por Jaguar, baseado na anedota da época que dizia que “se Deus havia criado o sexo, Freud criou a sacanagem”.
Durante a ditadura, quase toda a equipe foi presa pelos militares, mesmo a assim a sua tiragem só aumentava. Inclusive houve vários atentados a bomba em bancas que comercializavam o folhetim. Com o fim do governo militar e democratização do Brasil, “O Pasquim” foi perdendo sua importância, lançando sua última edição em 1991.