Essa foi uma das primeiras histórias que contei no “Bar do Velório”.E o fato ocorreu lá no sertão de Pernambuco e foi narrada pelo saudoso José Pernambuco, pai do Jorginho do SOS do samba.
No vilarejo onde seu José nasceu, morreu um caboclo muito conhecido, Genívaldo Silva, que gostava de festa e tomava umas “canas” com os amigos.
À noite, no seu velório, foi a maior festança. Beberam a noite toda e, no dia seguinte, quatro amigos conduziram o seu cortejo, sendo levado numa rede: dois deles seguravam na frente, e dois atrás.
O cemitério ficava há uns cinco quilômetros, mais ou menos. Saíram pela manhã, e quando já estavam quase chegando tiveram que passar embaixo de uma árvore centenária, que tinha muitas raízes expostas. Foi quando um deles tropeçou e o defunto caiu da rede.
Com o impacto, o suposto defunto gemeu e foi se levantando. Apavorados, os quatro amigos correram até à cidade para avisar a família. Logo, o tal caboclo retornou caminhando de volta pra casa. Todos ficaram impressionados com o ocorrido e, então, chamaram um médico para que o examinasse. No diagnóstico foi verificado que o homem sofria de catalepsia. O médico, portanto, orientou os familiares para que o chamassem, caso ele tivesse uma nova crise.
Passaram-se uns cinco anos e esse homem veio a falecer. Chamaram o tal médico de Recife para que novamente o examinasse. Desta vez, disse o doutor:
__ Podem enterrá-lo que ele realmente está morto!
E, finalmente, ele assinou o atestado de óbito. Durante toda à noite, no velório, “beberam todas mais quatorze” . E no dia seguinte, foi realizado o mesmo cortejo, o mesmo trajeto e os mesmos amigos o conduziram. A caminhada foi silenciosa, e ao se aproximarem daquela mesma árvore, um deles sussurrou:
“Cuidado com a raiz !”.
Árvore misteriosa
nov 14, 2018Bruno FonsecaColuna do CrisanteComentários desativados em Árvore misteriosaLike
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