• José Passini – Juiz de Fora/MG
José Pedro de Freitas, chamado Zé Arigó, durante aproximadamente vinte anos, fez cirurgias sem anestesia, sem assepsia alguma, sem sutura, usando quase sempre um canivete, não raro tomado emprestado a uma das centenas de pessoas que o buscavam, no natural desejo de obterem cura de seus males. Essas curas extraordinárias, levadas a efeito em Congonhas do Campo, já teriam caído no esquecimento, mesmo daqueles que foram por ele beneficiados, não fossem alguns “para-psicólogos” que saíram a campo e, sem a menor cerimônia, acusaram-no de fraudador, quando não de criminoso, com o único intuito de negar a intervenção dos espíritos no mundo corpóreo, vez que, para eles, a continuidade da vida após a morte, ou seja a imortalidade da alma, é algo só acessível ao entendimento dos teólogos e não das criaturas simples, conforme revelou e vivenciou Jesus na sua ressurreição.
Acompanhamos o trabalho de Arigó, naqueles anos em que beneficiou tanta gente, sem nun-ca termos notícia de um insucesso sequer. Não houve uma única ação judicial movida contra ele, com base em prejuízo causado à saúde de alguém. Arigó nunca foi condenado por imperícia. Só foi julgado e condenado por prática ilegal de medicina, por ação de setores religiosos e médicos que, ao invés de pesquisarem honestamente o fenômeno, preferiram encarcerar o médium. Nesse contexto, é lícito perguntar como é que agiriam essas pessoas diante das curas levadas a efeito por Jesus e pelos Apóstolos.
Qualquer pessoa que tenha acompanhado a produção desses fenômenos no mundo sabe per-feitamente que houve – e haverá sempre – fraudadores. Mas o fato de existir uma fraude, ou cente-nas de fraudes, não significa que não haja fatos autênticos. No caso de Arigó, negar o fenômeno é atitude anti-científica e leviana. O aparecimento de cem falsos “Dr. Fritz” não é – e nunca será – prova de que aquele que operava através de Arigó era também falso. Cem mentiras não anulam uma verdade!
John G. Fuller publicou em agosto de 1974, na revista “Seleções do Reader’s Didgest”, um artigo intitulado Fever! (Febre!), em que relata observações sobre o Arigó, com a seguinte conclusão: “Nenhum trabalho de qualquer outro dos chamados cirurgiões psíquicos foi tão amplamente documentado quanto o de Arigó. Houve muitos relatórios sobre feitos cirúrgicos ocorridos nas Fili-pinas, realizados por indivíduos não habilitados, mas verificou-se que neles havia embuste. Quanto a Arigó, nenhuma prova de fraude foi em qualquer tempo levantada. Como realizava seus aparentes feitos é algo que continuará sendo um mistério, em relação ao que o leitor terá que fazer seu próprio julgamento.” Felizmente, Fuller só tinha em vista o fenômeno e não a “defesa” da Ciência ou de determinada Religião…
Nesse mesmo ano, ele publicou pela Editora Thomas Y. Growell Co., New York, o livro A-rigo Surgeon of the Rusty Knife (Arigó Cirurgião da Faca Enferrujada). Nessa obra, relata, com pormenores, as experiências de alguns norte-americanos que não temeram fazer uma pesquisa aberta, tendo depois a coragem de publicar aquilo que testemunharam. Essa obra foi traduzida em por-tuguês por Syomara Cajado, editada por Nova Época Editorial Ltda., de São Paulo, em 1975.
Eis um trecho do livro: “Recebidos pelo Arigó, este, com forte sotaque alemão, disse-lhes: Não há nada para se ocultar. Sinto-me contente por estarem aqui observando. Diante dos dois ob-servadores, operou o olho de um homem que estava de pé à sua frente, submetendo-o em seguida ao exame do médico.
O Dr. Puharich decidiu deixar-se operar para a retirada de um lipoma situado perto do coto-velo direito. Essa seria a maneira de provar a mim mesmo e a meus colegas que não estava tendo alucinações, disse mais tarde. Arigó, depois de afirmar que faria a operação, solicitou dos presentes: Alguém tem aí um bom canivete brasileiro para se usar neste americano? Meia dúzia de canivetes apareceram e o médico encolheu-se, mas não poderia recuar. A operação foi filmada e está assim relatada por John G. Fuller: Não haviam ainda decorrido dez segundos quando senti uma coisa ú-mida caindo na mão. Olhou e viu a pasta ensangüentada de um lipoma. Seu braço apresentava um pequeno corte de cinco centímetros, do qual escorria pouco sangue. A inchação produzida pelo li-poma havia desaparecido completamente. Puharich dificilmente podia acreditar no que acontecera. Não sentira dor alguma – apenas uma ligeira sensação no braço. Os presentes explicaram-lhe que Arigó pegara na lâmina, cortara a pele e tirara o lipoma com as próprias mãos, não tendo desinfetado a pele nem a lâmina. Puharich resolveu não usar antissépticos na ferida e evitar os antibióticos, a não ser que o braço viesse ficar infetado até um ponto em que se tornasse perigoso.
John G. Fuller testemunha ainda outras cirurgias feitas, e receitas dadas pelo Dr. Fritz, que atestaram ter aquele médico, desencarnado já há algumas décadas, acompanhado o progresso da Ciência Médica no Mundo Espiritual, e não permanecido dormindo, com seu destino definido para toda a Eternidade, conforme querem alguns setores religiosos.
Diante disso tudo, pergunta-se como é que alguém que se intitula parapsicólogo e teólogo, que declarou estar fazendo uma campanha “de esclarecimento” pelo Brasil, tem a coragem de dizer que tudo isso é embuste, que Arigó usava miúdos de galinha para enganar, como foi visto no passa-do no Programa “Tribuna de Debates”, no dia 18 de dezembro de 2002, canal 12, em Juiz de Fora – MG? O que vale: a opinião de quem, de longe, nega teimosa e sistematicamente o fenômeno ou a daqueles que, por amor à Verdade, à Ciência, têm a coragem de se expor, de pesquisar e, principal-mente, de publicar aquilo que testemunharam?
Note-se que não se faz aqui uma defesa do Espiritismo. Apenas chama-se a atenção daqueles que, livres do ranço religioso e da arrogância de falsos cientistas, tiverem “olhos de ver e ouvidos de ouvir” para que analisem com isenção a existência do fenômeno mediúnico, que não é exclusividade do Espiritismo. Além do mais, Arigó não foi espírita. Nunca se declarou adepto da Doutrina codificada por Allan Kardec!
Arigó e a Parapsicologia
out 16, 2019Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Arigó e a ParapsicologiaLike
Previous PostDe “olho” na Olimpíada, nova das sete terá núcleo de ginástica artística
Next PostExame para identificar Zika vírus é comercializado no país