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sábado 23 novembro 2024
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Apontamentos Espíritas 1

• José Passini – Juiz de Fora/MG
O Movimento espírita cresceu dentro do Brasil devido à grande dedicação dos grandes personagens que deram exemplo como os médiuns Francisco Cândido Xavier e Ivone Pereira e outros que trouxeram mananciais imorredouros de ensinamentos superiores através das suas mediunidades. Porque atualmente com as novas gerações de espíritas o vigor do M.E.B. está perdendo qualidade doutrinária?
José Passini: Inicialmente, pergunto: O que é o M.E.B.? Quem o representa? Necessitaria escrever um livro para analisar o M.E.B. Se tomarmos a FEB como seu elemento principal, não podemos dizer que está havendo perda de qualidade doutrinária. Essa Entidade age como sempre agiu: publicando obras de grande valor doutrinário, buscando promover uma unificação do Espiritismo, embora o espectro de Roustaing ainda atue negativamente, como sempre atuou. Talvez tua visão seja influenciada pelo sentimento de orfandade que tomou muitas pessoas pelo retorno de Chico Xavier. Mas devemos nos lembrar de que a partida de Kardec deve ter provocado impacto semelhante. O Movimento Espírita sobreviveu quase setenta anos sem Kardec, até que aparecesse alguém que conseguisse, através de desdobramentos doutrinários, polarizar as atenções dos espíritas. Noutros tempos, para dizer-se espírita, era necessário que a pessoa tivesse realmente convicção doutrinária, face à discriminação e até perseguição que poderia sofrer. Hoje, isso quase não existe. Uma pessoa vai a uma casa espírita, toma um passe, ouve uma palestra, crê superficialmente na reencarnação e passa a dizer-se espírita, graças, talvez, a um afrouxamento da discriminação. Por isso, evidencia-se a responsabilidade dos dirigentes de casas espíritas, no que tange ao esclarecimento dos seus frequentadores e o cuidado para que o centro espírita não se torne simplesmente uma “casa de bênçãos”, fugindo da sua principal finalidade, qual seja a de evangelizar as criaturas.
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Em face da enxurrada de livros espíritas fantasiosos (psicografados) e lançados no mercado editorial espírita sem nenhum critério exceto a finalidade comercial, pode trazer a desintegração doutrinária nas hostes espíritas?
José Passini: Não diria “livros espíritas”, mas apenas possivelmente mediúnicos, equivocamente intitulados “espíritas”. Certas pessoas dotadas de mediunidade, desviando-se de programação estabelecida no Mundo Espiritual, antes da sua reencarnação, por desejo de notoriedade, aliam-se a empresas editoriais e publicam obras verdadeiramente antidoutrinárias, porque inspiradas por Espíritos inimigos do Espiritismo ou, no mínimo, vaidosos. Fizemos análise de mais de vinte obras, que pomos à disposição de quem as solicite pelo e-mail jose.passini@gmail.com.
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Quais as suas recomendações aos dirigentes espíritas para que o Espiritismo retome seu fulgor na atualidade e no futuro próximo?
José Passini: O dirigente espírita deve ter profunda noção da responsabilidade assumida e deve ser aquela pessoa que, ao lado de uma fé inabalável, busca na prece a necessária orientação para o desempenho de suas atividades. Deve ser voltado ao estudo e à reflexão, pois para o leigo, ele representa o próprio Espiritismo. Deve ter muito zelo na supervisão dos trabalhos mediúnicos, para que não se transformem num “correio do Além”, mas que sejam direcionados ao caridoso trabalho de encaminhamento de Espíritos sofredores e trabalhos de desobsessão.
O setor de divulgação doutrinária deve merecer cuidado especial, seja nas palestras, seja no material escrito distribuído. Uma atenção especial deve merecer o setor de literatura, tanto no que toca a obras emprestadas ao público, quanto àquelas vendidas na Casa.
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Suas considerações finais.
José Passini: É realmente preocupante grande parte da literatura mediúnica ou pseudo mediúnica que está sendo entregue ao público em livrarias, clubes do livro e mesmo em centros espíritas. São livros produzidos por editoras que visam exclusivamente a lucros. Muitos espíritas, pensando apenas no auxílio a creches, a abrigos de idosos e a outros setores de assistência social, deixam de lado o critério doutrinário e tomam parte nesse mercantilismo altamente danoso para o nome da Doutrina Espírita. São os inocentes úteis de que as forças contrárias ao Cristo se valem na sua luta insana contra o Bem. Enfrentamos momentos realmente difíceis. Urge vivenciarmos a sábia e oportuna advertência de Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação (…)”. (Mat, 26: 41).
1 Estas perguntas e respostas fazem parte do livro Apontamentos Espíritas publicado pela Editora Virtual O Consolador (EVOC) e Portal “Autores Espíritas Clássicos”, disponível no site O Consolador.