O envelhecimento traz uma série de mudanças no padrão de rotina das pessoas. A aposentadoria, a diminuição de atividades físicas e o uso de medicamentos podem alterar também o padrão de sono. Nessa fase, é comum as queixas sobre insônia, sonolência diurna, falta de memória e o sono “picado” durante a noite. Para recuperar o período de descanso completo, o primeiro passo é cuidar da chamada higiene do sono.
Tirar sonecas durante o dia, comer alimentos calóricos no jantar e falta de atividades diurnas são hábitos que interferem na qualidade do sono à noite em qualquer idade. E na velhice, o transtorno é pior. Segundo a neurogeriatra Tamara Checcacci, do Hospital Federal da Lagoa, vinculado ao Ministério da Saúde, o idoso tem um sono diferenciado por conta das modificações cerebrais no envelhecimento e pela restrição natural de atividades físicas. “Muitas vezes o sono é decorrente de um cansaço ao longo do dia. O idoso tem uma tendência a uma atividade menor, com a possibilidade de tirar pequenas sonecas de dia. Tudo isso interfere no sono da noite”, explica.
As alterações no sono também podem ser sintomas peculiares de doenças, como Mal de Parkinson, problemas respiratórios e sobrepeso. Tamara defende que é possível resolver o problema sem interferência medicamentosa.
“Devemos tentar corrigir essa questão da insônia de uma maneira saudável. Como, por exemplo, indo deitar mais tarde, não ter essa preocupação de dormir um número grande de horas e não considerar que é uma doença com necessidade absoluta de medicação. É possível organizar esse sono se houver paciência.”
Naturalmente, o sono nessa faixa etária torna-se mais leve e geralmente não ultrapassa oito horas diárias. Muitos idosos têm o hábito de dormir cedo e também acordam mais cedo por conta de uma rotina de trabalho adotada durante anos. A ansiedade exagerada de querer dormir de qualquer maneira, portanto, é desnecessária. “A gente tem que colocar de uma forma que, se um dia não dormir bem, não vai acontecer nada de extraordinário, pois não vai ter nenhum compromisso que obrigue a isso”, coloca a neurogeriatra.
Mas é preciso respeitar os hábitos e a peculiaridade do sono. “A redução do tempo dormindo pode ser natural, da mesma forma de que uma criança pequena dorme um número grande de horas, e com o passar do tempo não se tem mais essa necessidade”, elucida Tamara. “A questão do sono é muito individual, não há uma tabela de horas a ser cumprida. A pessoa tem que se sentir bem, mesmo com o sono reduzido. Cada um tem o seu ritmo biológico, e a gente tem que respeitar nossa natureza”, completa.
Dormir para o dia nascer feliz – O sono do idoso pode ser tão reparador quanto o de uma criança ou um jovem adulto.
Mas vai depender das condições satisfatórias, como silêncio, baixa iluminação, cama confortável e a disciplina de somente deitar se estiver com sono. Se ainda com esses cuidados o problema persistir, o uso de medicamentos pode ajudar a melhorar o padrão de sono.
“Temos medicamentos modernos que atuam melhorando o humor. Eles dão ótimos resultados a curto, médio e longo prazos para a qualidade do sono. Se mesmo seguindo todas as instruções essa insônia permanecer, o melhor é procurar um profissional habilitado para melhorar esse sono”, esclarece Tamara.
O sono precisa ser visto como uma questão multidisciplinar. É preciso antes identificar a causa da insônia, se é a falta de atividades, problemas familiares, doenças crônicas, e assim procurar o especialista que irá ajudar o idoso a melhorar sua qualidade de vida.
Fonte: Fabiana Conte/Comunicação Interna do Ministério da Saúde