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quinta-feira 23 janeiro 2025
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ALTA RODA – Modelos mais vendidos em 2024 apontam para mudanças este ano

Acirramento da concorrência é normal em mercado disputado como o brasileiro. Na tradicional avaliação dos números anuais divididos por categorias e que analiso desde 1999, houve poucas modificações. Apenas duas alterações de liderança: Mustang passou o BMW M2 e os BMW X5/X6 superaram o Cayenne por uma diferença de apenas 13 unidades ao longo de 2024.

Em posições intermediárias houve disputas acirradas: Onix x HB20; City x Dolphin (cujas vendas só começaram no segundo semestre); Tracker x Creta; Renegade x HR-V x Fastback. Outros líderes permaneceram sob forte pressão: Compass x Corolla Cross; Toro x Hilux (esta imbatível entre picapes não monobloco); X5/X6 x Cayenne. Alguns, entretanto, aparecem como líderes históricos: Corolla, 911 e Strada.

A presença de marcas chinesas subiu em alguns segmentos e promete se ampliar em 2025, todavia concentrada em nichos de elétricos e híbridos plugáveis, especialmente da BYD e GWM. O Seal é um exemplo com nada menos de 81% de participação entre os sedãs grandes que, no entanto, somaram apenas 4.364 unidades no total ou simbólico 0,2% do mercado de veículos leves.

Mudanças ocorrerão com avanço dos chamados híbridos básicos (ou semi-híbridos) que, facilmente, serão maioria no segmento que inclui híbridos plenos e plugáveis. Sedãs compactos e médios continuarão em trajetória descendente, enquanto SUVs de diferentes portes manterão crescimento. Exemplo é o Corolla Cross ter superado a versão sedã pela primeira vez no ano passado. E se repetiu entre X1 e Série 3. Já vendas de elétricos tendem a estagnar ou crescer bem pouco.

Ranking da coluna tem critérios próprios e técnicos com classificação por silhuetas em 16 categorias. Referência principal é distância entre eixos, além de outros parâmetros. Sedãs de topo (baixo volume) e monovolumes (poucas opções) ficam de fora. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos dentro dos segmentos. Compilação de Paulo Garbossa, da consultoria ADK.
Hatch subcompacto: Mobi, 46%; Kwid, 38%; Dolphin Mini, 15%. Mobi manteve folga.
Hatch compacto: Polo, 26%; Onix, 18,3%; HB20/X, 18,1%; Argo, 17%; Yaris, 5%; C3, 4%; 208, 3,3%; City, 2,9%, Dolphin, 2,8%, Ora 03, 1%. Líder tranquilo.
Sedã compacto: Onix Plus, 26%; Cronos, 19%; HB20S, 17%; Virtus, 14%; Yaris, 10%; City, 7%; Versa, 5%; Logan, 2%. Onix Plus ainda firme.
Sedã médio-compacto: Corolla, 68%; Sentra, 11%; King, 9%. Corolla inabalável.
Sedã médio-grande: BMW Série 3/4, 67%; Mercedes Classe C, 19%; Audi A5, 5%. Folga constante dos BMW.
Sedã grande: Seal, 81%; Panamera, 7%; Taycan, 5%. Domínio Seal elétrico.
Esportivo: Mustang, 58%; BMW M2, 22%; Camaro, 26%. Americano bateu alemão.
Esporte: 911, 50%; 718 Boxster/Cayman, 40%; Corvette, 3%. Porsche sempre à frente.
SUV compacto: T-Cross, 13%; Tracker, 11,1%; Creta, 11,%; Kicks, 10%; Nivus, 9%; Renegade, 8,6%; HR-V, 8%; Fastback, 7,7%; Pulse, 6%; Tiggo 5x, 5%; Duster, 4%. T-Cross reagiu como líder.
SUV médio-compacto: Compass, 28%; Corolla Cross, 27%; Tiggo 7, 17%. Forte pressão sobre Compass.
SUV médio-grande: Song Plus/Pro, 22%; H6, 18%; SW4, 14%. Chineses se impõem.
SUV grande: BMW X5/X6, 19,5%, Cayenne, 19,3%%; XC90, 12%. Vitória BMW bem apertada.
Picape pequena: Strada, 56%; Saveiro, 24%; Montana, 13%. Strada mais que tranquila.
Picape média (carga 1.000 kg): Toro, 24%; Hilux, 22%; Ranger, 14%. Liderança ainda sob ameaça.
Híbridos: Song Plus/Pro, 24%; H6, 20%; Corolla Cross, 15%. Song com alguma folga.
Elétricos: Dolphin, 34%; Dolphin Mini, 24%; Ora 03, 10%. Fácil domínio BYD.

Toyota abre caminho para motores flex na Índia

Embora os EUA sejam o maior produtor de etanol no mundo (a partir de milho) e usem o combustível em mistura com a gasolina, lá e universalmente batizado de E10 (E, de ethanol, em inglês, ou seja, mistura de 10% com gasolina), o Brasil é o segundo produtor mundial do combustível vegetal (anidro e hidratado). Somos também o principal fabricante de motores flex que podem usar desde E0 até E100. A Índia, porém, é segundo maior produtor de cana de açúcar e quarto maior de etanol.

Daí o interesse da Toyota do Brasil em apresentar, pela segunda vez, um sedã Corolla Flex híbrido, no atual mais populoso país do mundo, desta vez no Salão do Automóvel de Nova Déli, encerrado no último dia 22. Indianos mostram interesse em utilizar etanol, tanto na mistura com gasolina quanto em motores flex. A país do sul da Ásia vê com bons olhos o combustível vegetal pois admite uma longa e factível neutralidade de carbono para 2070, ou seja, em 45 anos. Trata-se de decisão inteligente em relação à grande parte do chamado primeiro mundo, atabalhoado com prazos curtos demais.

Essa “pressa” tem trazido frustrações e, no fundo, atrapalham caminhos serenos e bem planejados, que deveriam pautar o crescimento ordenado de veículos com motores elétricos.

Abeifa: balanço positivo das vendas em 2024

Seis das dez marcas que compõem a Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores) alcançaram crescimento em 2024. O percentual foi de 141%, porém a base comparativa muito baixa explica em grande parte números tão vistosos, focados em veículos elétricos e híbridos, que apresentam hoje participação limitada no mercado nacional.

No total 104.729 unidades foram comercializadas, das quais 1.683 produzidas no Brasil. A participação somada das associadas no mercado nacional foi de 4,2%.

Marcelo Godoy, presidente da entidade, admite incertezas sobre o ano de 2025. Ainda assim, estima que este segmento deve crescer 5% em relação a 2024. Sua estimativa é de que os elétricos subirão dos atuais 2% no mercado brasileiro de veículos leves para 7% em 2030, previsão factível. Ele mostrou descontentamento em relação ao aumento de imposto de importação e da perda de alguns incentivos estaduais sobre elétricos e híbridos.

No entanto, relembro, este é o cenário atual dominante no exterior, por limitações orçamentárias dos países.
Um dos diretores da entidade, José Luiz Gandini, disse que a alternativa é produzir no Uruguai. E confirmou estudos para montagem do SUV Kia Sportage, seu modelo mais vendido, no país vizinho, onde a empresa Nordex tem instalações de porte. E mostrou otimismo pelo acordo fechado com a RX Global, organizadora do próximo Salão do Automóvel, no complexo Distrito Anhembi, capital paulista, de 22 a 30 de novembro próximos. Outros importadores, igualmente, ficarão estimulados a participar do evento.

Grupo BMW terá 15 lançamentos em 2025

No ano em que comemora 30 anos da chegada ao Brasil, com fábrica de automóveis desde 2014 (Araquari – SC), a BMW fará 15 lançamentos, incluídos os da marca inglesa Mini e da divisão de motos com instalações em Manaus (AM) desde 2016. Sedã Série 3, de fabricação catarinense, continua como modelo premium mais vendido no País e o compacto X1, entre os SUVs. Em 2024 vendeu o recorde de 17.733 unidades (BMW e Mini).

O grupo alemão, presidido no País pela mexicana Maria Escobedo, prefere não revelar previsão exata de crescimento das marcas para este ano, mas um intervalo de 3% a 5%. “Neste primeiro trimestre teremos o X3 M50, nosso primeiro híbrido básico com bateria de 48 V e o elétrico Mini Aceman. O novo X5 PHEV, primeiro híbrido plugável brasileiro, que estreou no ano passado, terá agora 12 meses completos de vendas. Linha M, como um todo, avançou 50% em 2024”, afirmou.

Escobedo pontuou que vai esperar desdobramentos do amplo acordo comercial, anunciado recentemente entre Mercosul e União Europeia, para comentar sobre o futuro.

A BMW sempre defendeu que forças de mercado devem decidir o futuro da eletrificação, sem direcionamentos forçados. No ano passado, o grupo vendeu no mundo 2,45 milhões de automóveis, dos quais 17% elétricos.