Produções de James Cameron são sempre centro das atenções. O dono das maiores bilheterias da história, com Avatar e Titanic, sempre procura a mais recente tecnologia para desenvolver suas histórias de forma verossímil. Dessa vez não é diferente. Com o poder atual da computação gráfica, a adaptação de mangá, que levou anos para sair do papel, finalmente ganha as telas do cinema.
Trazendo no cerne da narrativa um enredo um tanto quanto comum, apresentando um futuro distópico onde máquinas e humanos vivem em uma harmonia biomecânica, a androide Alita é encontrada em um lixão e restaurada sem memória sobre quem foi anteriormente. Enquanto tenta entender como se encaixa no mundo, subtramas bem características do estilo mangá são desenvolvidas em paralelo. Inclusive o típico romance adolescente desnecessário.
O diretor Robert Rodriguez consegue extrair ótimo resultado do orçamento generoso da produção. O elenco é recheado de nomes de peso, ainda que não utilize todos os atores da melhor forma. Mas o destaque vai, sem dúvidas, para a qualidade e fluidez com que os efeitos visuais se integram com o ambiente e personagens. Desde a protagonista, interpretada sutilmente pela carismática Rosa Salazar, toda feita a partir da técnica de captura de movimento, até os personagens que são meio humanos e meio máquinas, o visual do filme é arrebatador e não tira o espectador da imersão em momento algum. Tudo soa orgânico além de encher os olhos com alguns ângulos interessantes principalmente nas batalhas, ponto ao qual Rodriguez melhor acerta por todo o longa. As cenas de ação são notoriamente bem elaboradas e demonstram, com clareza, os movimentos bem coreografados dos personagens. Surpreendentemente até a violência é bem graficamente explorada, evitando esconder as consequências das lutas.
Infelizmente, o roteiro, também assinado por Cameron, se entrega à algumas facilitações e clichês que levam o filme para um destino previsível demais. As subtramas, que deveriam dar um plano de fundo mais aprofundado para o universo do longa, acabam mal desenroladas, subutilizam personagens que tinham potencial para algo maior, como os interpretados por Christoph Waltz, Jennifer Connelly e Mahershala Ali. Isso sem falar de Edward Norton, que nem foi creditado. Outro ponto negativo é a óbvia intenção em estabelecer uma franquia, fator que tira por completo o peso do final da narrativa.
Com tanta promessa de ser revolucionário, Alita: Battle Angel (no original) é um ótimo parâmetro quando o assunto é computação gráfica, porém nem se aproxima de trazer algum frescor para a sétima arte. Apresenta bons conceitos e um universo vasto, rico de ideias interessantes que podem funcionar a longo prazo, mas que precisariam de um apelo maior para prender, de fato, o público angariado por essa primeira empreitada.
Alita: Anjo de Combate
fev 16, 2019Bruno FonsecaColuna de CinemaComentários desativados em Alita: Anjo de CombateLike
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