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sexta-feira 20 setembro 2024
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África e Brasil

Há toda uma história do Atlântico. Uma história de disputas comerciais e políticas, de desenvolvimento da navegação e de migrações consentidas e forçadas. Mas há também uma longa e importante história que se vai tornando, aos poucos, menos discreta. A dos africanos libertos e seus filhos, a dos mulatos, cafuzos , caboclos e brancos que foram ter ao continente africano, retornaram ao Brasil, voltaram à África ou se gastaram a flutuar entre as duas praias.
A dos navios negreiros que funcionavam também como correio e embaixada. Que talvez trouxessem notícias e recados de sultões, emires, reis e potentados africanos a seus súditos no cativeiro. Que talvez levassem mensagens de rainhas-mães e príncipes exilados – pois a escravidão funcionou também como desterro político – a seus partidários que continuavam a conspirar na África.
O que lá se passava talvez chegasse até as senzalas, os cantos de trabalho e os quilombos, e podia apressar as alforrias e regressos. Como se deu no caso do príncipe daomeano Fruku ou D. Jerônimo, na segunda metade do século XVIII.