Tempos atrás vi uma reportagem sobre achados e perdidos em uma das estações do metrô de São Paulo e falava sobre a enorme diversidade de objetos esquecidos, que haviam sido encontrados mas, que seus donos ainda não haviam procurado.
Carteiras, documentos, guardas chuva, bolsas femininas, celulares e pacotes dos mais diversos eram os mais comuns. Ah, capacetes de motociclistas e blusas em geral também estão entre os mais esquecidos.
Alguns dos objetos são…hummm…diria um pouco peculiares, pra não dizer estranhos e me chamaram a atenção como, por exemplo, um par de muletas. Eu fiquei me questionando como o dono saiu dali. Alguém poderia dizer “ah, mas era alguém levando o par de muletas para quem realmente precisa”. É, pode ser.
Outro interessante foi uma dentadura e lá vem a inevitável pergunta “porque alguém tiraria a dentadura dentro da estação do metrô?” Aparelhos pra surdez, óculos e etc…
Um pneu…de carro! Pode imaginar alguém entrando no metrô com um pneu e esquecendo aquele troço enorme?
Bicicleta? Sim, alguém conseguiu a proeza de esquecer uma bicicleta. Como e porque entrou com ela?
Esqui…Isso mesmo…daqueles que se desliza nas neves, patins e até carrinho de rolimã. Dá pra imaginar?
E tem também, é claro, os famosos brinquedinhos sexuais, lingeries e tudo mais.
Mas, de tudo o que mais me interessou, não pela bizarrice é claro, foram os livros. Dezenas e dezenas de livros esquecidos e até pensei que se alguns deles não teriam sido “esquecidos” de propósito naquelas deliciosas correntes tipo “Pode levar e depois que ler, deixe em um local público”.
Mas, a moça da reportagem informava que, em boa parte deles, havia coisas dentro, como, santinhos, receitas médicas, exames, boletos para pagar boletos quitados e até propaganda política. Havia correntinhas, fiozinhos, marcadores de páginas e até cartas de amor. Difícil imaginar, nos dias de hoje, alguém escrevendo uma carta de amor.
Acabou o amor?
Não! Acabou o saudoso hábito de escrever cartas.
Mas, voltando ao assunto dos livros, para mim, é inconcebível esquecer um livro. Já esqueci muita coisa mas, um livro que estivesse lendo jamais, ah, não, meu livro não.
Sou um apaixonado por livros e isso não esqueço não.
Posso até esquecer o assunto que estou falando, a história que pretendia contar, o capítulo ou a crônica que ia escrever mas, meu livro não.
Fico imaginando como alguém consegue esquecer algo tão importante. Esquecer a carteira tudo bem mas, o livro?
Como consegue? Sei lá…
Bom, sigamos em frente e se você esquecer algo no metrô não esqueça de procurar no “achados e perdidos”, pode ser que encontre.
Achados e perdidos
fev 14, 2019Bruno FonsecaCrônicas e Contos do EscritorComentários desativados em Achados e perdidosLike