• Roni Ricardo Osorio Maia – Volta Redonda/RJ
Apresentaremos, aos leitores, um recorte de nosso livro Lenitivo à dor (Ed. Nova Consciência e distribuído pela Candeia), no qual descrevemos o processo da dor no mundo à luz do Espiritismo, e, nele descrevemos, entre outros assuntos, as perguntas: Que é a dor? Como sofrer? Por que sofremos?
Geralmente se ouve nos Centros Espíritas, através dos frequentadores, que chegaram àquelas instituições ou pela dor ou pelo amor. A primeira opção é a mais comentada. De nossa parte buscamos a casa espírita pela mediunidade ostensiva que possuímos e para recebermos as respostas objetivas às nossas percepções. A nossa opção foi mais pelo amor a uma verdade impoluta e incorruptível aos homens trazida pelos benfeitores espirituais a pedido de Jesus. Encontrar informações respaldadas nos ensinamentos do Divino Mestre foi-nos algo marcante ao nosso espírito milenar. Por isso, decorridos trinta anos, somamos a inúmeros confrades com o emblema “tornou-se espírita” muito conhecido e comentado na sociedade brasileira.
Comove-nos bastante as histórias ouvidas nos bastidores das casas espíritas pelos trabalhadores ou servidores espíritas acerca de suas dores abrandadas e, em muitos relatos, desaparecidas ao assumirem seus postos na tarefa mediúnica. Aconteceu algo similar conosco, certa vez, em 05 de setembro de 2005. Numa segunda-feira, faríamos a palestra sobre “o cego de Jericó”, passamos o dia bastante envolvidos com nossos estudos, mas, a sensibilidade acusava algo intenso e firmamo-nos em prece para darmos conta da agenda e persuadirmo-nos frente ao tentame mental para dissuadirmo-nos de tal incumbência; à noite, providenciamos o trajeto para a Associação Espírita Estudantes da Verdade em Volta Redonda – RJ, cidade onde residimos, para o cumprimento de nossa responsabilidade.
No ponto de ônibus confundimos o letreiro indicado no veículo que supúnhamos nos levaria até o local almejado. Fez-nos ainda na entrada do coletivo desistir, devido o percurso diferente do qual pretendíamos. Optamos por descer. Naquele tempo, os ônibus tinham uma roleta, a mesa recebedora e o trocador logo na entrada do mesmo. Sem espaço para se acomodar, a única opção era adentrar o interior da condução. Porém, o motorista, que estava na parte da frente, não observou nossa desistência e os passos bruscos a fim de sairmos do ônibus, não tivemos tempo de descer. Com a partida imediata, desequilibramos e rolamos escada abaixo até cairmos na calçada.
Decididamente, acudidos por pessoas afáveis, só tínhamos um pensamento: voltar para casa. O motorista brecou mais adiante e ofereceu-nos ajuda. Agradecemos e o liberamos. Ao reerguermos, recompomo-nos, colocamos os calçados que saíram de nossos pés, recebemos a pasta com os textos espalhados e recolhidos por duas senhoras gentis, que perguntaram e exclamaram: “Moço, você está bem?” “Que susto!” Conseguimos nos estabilizar, embora muito pouco. Agradecemos às solicitudes populares, porém, todo o corpo doía muito. Fizemos um corte na palma da mão direita devido à perfuração por meio de um pedregulho ao nos apoiarmos no chão que devido à queda, e o ferimento, vertia um pouco de sangue. Ao investirmos para retornar ao lar, a vidência captou nosso mentor Frei Mário materializado no final da calçada, de maneira que impedia-nos caminhar.
Além da amizade conosco, de outras vidas, esse espírito com a peculiar fraternidade revestida, naquele instante, de energia moral sobre nós, e, como protetor espiritual, definiu nossa permanência no local, e estáticos ouvimos: “estão esperando por você!” Deveríamos aguardar o próximo circular e não seria um trambolhão o motivo de nossa desistência. Meditamos, naquele momento, a razão de nossa preocupação durante todo o dia para alguma adversidade. E como de fato aconteceu. Rumamos no próximo transporte coletivo, e ao chegarmos à citada instituição espírita, da qual guardamos as melhores considerações nesses quase trinta anos de muitas amizades e trabalhos naquela ambiência, providenciamos lavagem com água e sabão no corte da mão, e fomos recebidos por médiuns amigos. Eles nos sugeriram um passe magnético, o que aceitamos de bom grado. Proferimos a palestra nos seus cinquenta minutos programados, sem dor alguma.
Após o término da exposição, ao sentarmos toda a dor retornou.
É assim com cada um de nós, quando esquecemos nossas dores, ocupando-nos em frentes de trabalhos salutares ou atividades produtivas, elas suavizam, estancam e até mesmo desanuviam por algum tempo…
Decorridos cinco anos objetivamos repetir o tema que ficara guardado em nossos arquivos pessoais para possível repetição do trabalho, como é peculiar no Movimento Espírita; os expositores com seus estudos, uma vez convidados por essa ou aquela casa espírita, oferecem um estudo realizado de seu acervo e reprogramam-no novamente para outro público e nova ocasião. Seria, então, reapresentado aquele título que nos marcou tanto, mas, no íntimo fazíamos questão de ter outra chance de divulgá-lo.
Optamos para uma adaptação da proposição, registramos para a explanação no domingo dia 31 de outubro de 2010 a seguinte expressão: “E, Bartimeu disse-Lhe: Senhor, que eu veja”. Nomeamos o cego conhecido por Bartimeu (Marcos 10, 46-52), e, seu pedido de cura ao Divino Mestre, conforme ocorreu.
Diante disso tudo, meditamos o bem que a Doutrina dos Espíritos nos faz!
A terceira revelação da lei de Deus – o Espiritismo ao nortear a todos que o buscam, faculta-nos projeções futuras devido a imortalidade da alma, além de fornecer-nos embasamentos para a compreensão e aceitação dos tormentos que nos sediam.