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sábado 21 setembro 2024
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A voz do morro

A voz do morro

Com muita peculiaridade, o sambista José Pedro Barbosa, o Pedrão do Samba, levou no semblante o símbolo do samba, a voz do morro e um coração Verde-Rosa da sua Estação Primeira de Mangueira. Ele nos deixou em 2013.
Fui amigo e parceiro de Pedrão, embora cada um com sua Escola de Samba conseguimos levar vários sambas para esse Brasil afora.
Fizemos parceria no Império do Morro, onde ele defendeu meu samba com maestria. Na Mocidade da Vila das Graças, não foi diferente. Somam- se a Embaixada da Vila São José, Boêmios da Estiva, a Independência, sem falar das cidades vizinhas como: Caçapava, São José dos Campos, Campos do Jordão e em festivais como nas marchinhas de Blocos de Carnaval.
Foi intérprete nos concursos de Escolas de Sambas de pontas, defendendo nossa composição com muita categoria, a exemplo da Gaviões da Fiel , Rosas de Ouro em São Paulo e no Rio de Janeiro defendeu dois sambas na Estação Primeira de Mangueira em 1997 e 1998, “ Olimpo é Verde Rosa” e “Meu Guri”-(homenagem a Chico Buarque de Holanda) ficando entre os semifinalistas.
Num dos concursos havia 72 sambas ,onde despontavam compositores e intérpretes de renomes. E num dos intervalos do samba, tocou tamborim ao lado de Brito, ex-zagueiro da seleção brasileira, no palco da Escola Mangueira.

EM TAUBATÉ

Nas Escolas de Samba de Taubaté passou por todos os quesitos , desde a comissão de frente até a bateria. Foi diretor de harmonia, evolução, mestre de bateria, mestre sala, mas o seu ponto alto foi a interpretação do samba. Sucumbiu as avenidas e as passarelas do samba, com seu timbre de voz que faz lembrar Jamelão, Quinho e Haroldo Melodia.
Apresentando uma divisão de compasso na linha melódica, fazendo uma harmonia sem igual entre o samba e a bateria, fazendo o povo acompanhá-lo em coro.
Muitos ainda não aprenderam a conviver com a morte, que é apenas questão de tempo, mais anos ou menos, nós estaremos frente a frente com ela sem exceção.
Esse é um momento para a gente refletir: Nós somos seres espirituais que viemos para esse mundo terreno em busca de experiências matérias. Pedrão deixou essa roupagem, escapa dos grilhões e das correntes que o prendiam e que se chama doença. Volta a ser o garoto maroto, aquele moleque travesso fazendo suas peripécias sem sentir dor. E, como sonhou e sempre dizia aos parceiros do samba: “Quando eu morrer, eu quero me apresentar de terno, sapato branco e um cravo na lapela”.
Pois é Pedrão! O céu te esperou com um coro de anjos, querubins, e os
amigos companheiros de samba do Morro, do Chafariz, dos Boêmios da Estiva, Vila das Graças, Vila São José e tantas outras Esses amigos que já partiram e um dia fizeram parte das batucadas de rodas de pagodes, onde havia um cavaco, um surdo, um pandeiro e um tamborim.
Para matar saudade, um samba que fizemos juntos e ele foi intérprete no concurso da Mangueira, com Cesar Baianinho no cavaco e voz, e Humberto no violão de sete cordas, em 1997, gravado no Studyo do Tarzan.

“O Olimpo é Verde e Rosa”

Acende a Pira da competição
A verde Rosa é jogo e emoção
Mostra a vila fonte à criança
2004 vai deixar lembrança
Abençoada pelos Deuses
Olha a Mangueira aí
É o mundo jogando e
Bailando na Sapucaí
xxx
(Tem ouro)
Tem ouro a prata e bronze
Quem vem brilhar no pedestal
Vem, vem Mangueirar
Amor vou te coroar
xxx

Hoje o Olimpo é o morro da poesia
Disse o Barão é o romper de um novo dia
Passo a passo no compasso
Aquece a chama do meu coração
Tu és mulher guerreira e universal
No palácio do Samba és escultura imortal
Trazendo a paz e a união Edita a carta da proclamação
xxx
Hera e Zeus no samba vêm
Um Semideus eu vou virar também bis