• Rogério Miguez – São José dos campos/SP
A lei das vidas sucessivas – Reencarnação ou Palingenesia – Palin = outra vez; Gênese = nascer – sempre foi conhecida e divulgada. A Doutrina dos Espíritos não a desvendou, tampouco a inventou, sendo esta uma representante de um dos eternos princípios de Deus.
Pensadores do passado, tais como: Pitágoras, Sócrates, Platão…, defendiam a necessidade de se ter muitas existências viabilizando o desenvolvimento de todas as potencialidades do Espírito, a unicidade da existência, afirmavam, seria um fator determinante e impeditivo para atingir-se a evolução plena.
Comprovado na vasta literatura espírita, após o fenômeno da morte biológica do corpo, algo subsiste. A reencarnação significa o retorno desta porção remanescente, o Espírito, a personalidade individualizada, o ser pensante, em uma nova passagem pela matéria, em outro e novo corpo, por meio de um renascimento, via fecundação biológica, em outro tempo, com período de duração entre existências muito variável.
Esta lei é fundamentalmente justa e misericordiosa, permitindo-nos ter tantas existências quantas forem necessárias para alcançar a perfeição relativa a ser alcançada mais cedo ou mais tarde, esta uma das pouquíssimas fatalidades no conjunto de regras divinas. Só voltaremos a ocupar um corpo de carne, após alcançar a plenitude da evolução, como missionários em prol da humanidade.
Como muitos conceitos, este também sofreu o mau do entendimento equivocado, quando há bom tempo imaginou-se que Espíritos chegados ao reino hominal, pudessem, sob certas condições, “reencarnar” em corpos animais e vegetais, e não somente em hominais. Esta seria em resumo a tese da Metempsicose: Meta – além de; Psique – alma, ainda fazendo adeptos e seguidores em pleno século XXI.
Sendo esta possibilidade real, representaria um retrocesso na marcha ascensional do Espírito, conforme se depreende de O Livro dos Espíritos:
612. Poderia encarnar num animal o Espírito que animou o corpo de um homem? “Isso seria retrogradar e o Espírito não retrograda. O rio não remonta à sua nascente.”
613. Embora de todo errônea a ideia ligada à metempsicose não terá resultado do sentimento intuitivo que o homem possui de suas diferentes existências? “Nessa, como em muitas outras crenças, se depara esse sentimento intuitivo. O homem, porém, o desnaturou, como costuma fazer com a maioria de suas ideias intuitivas.”
Como bem registra a resposta à primeira questão, o rio não remonta à sua nascente, ou seja, já fomos animais, não o seremos mais, enquanto, na segunda, Allan Kardec inicia enfatizando: Embora de todo errônea…
Há pelo menos duas explicações de onde e como nasceu a crença na metempsicose:
1. Pode-se encontrar no livro A Caminho da Luz (caps. III e IV), ditado por Emmanuel, elucidativa explicação sobre os antigos Egípcios, povo exilado de Capela, terem aceitado perfeitamente a reencarnação como uma possibilidade concreta para alcançar a evolução programada por Deus, contudo, tinham o sentimento, ou mesmo intuição, de haverem sido “punidos”, pois existia um sentimento coletivo de perda do paraíso, a sua amada Capela, assim, elaboraram uma teoria segundo a qual, se falhassem novamente na observação das leis divinas, a ponto de serem mais uma vez degredados para uma condição inferior àquela submetida no planeta Terra de então, só lhes restaria, como “punição” última, reencarnarem em animais! Ajuizaram: o que poderia haver de pior do que conviver com a humanidade daquela época, com pessoas de hábitos rudes e brutos, sem o mínimo verniz de civilização?
2. Outra razão está Estudos Espíritas (cap. 8), onde Joanna de Ângelis explicou existir, também no Egito antigo, o entendimento claro das imensas possibilidades no uso das faculdades mediúnicas, pelo menos entre os iniciados, ou ocupantes das posições mais altas na hierarquia egípcia. É possível, sob certas condições obsessivas, um Espírito ter o seu perispírito deformado, por exemplo, sob sugestão hipnótica. Não é incomum obsessores influenciarem sua vítima a acreditar ser um animal, desta forma, via dominação telepática continuada, o Espírito sob sujeição pode ter o seu invólucro semimaterial modificado da forma humanoide para um formato animalesco. Os pouco versados nos princípios divinos acreditaram assim estarem diante de um Espírito oriundo de uma encarnação anterior em corpo animal, agindo, portanto, tal qual um antigo integrante do reino dos irracionais. Muitos participantes regulares em reuniões de desobsessão já podem ter observado aproximações de Espíritos desencarnados agindo e emitindo sons como animais, a conhecida zoantropia, a título de exemplo: morcegos, macacos, lobos…, entre outros.
Disseminada entre o povo, a crença na metempsicose se espalhou, atemorizando todos aqueles com as suas consciências culpadas devido a possíveis continuados delitos contra as leis eternas. A tese também serviu como freio a futuros deslizes.
Uma é progressista, incentiva a melhora do Espírito tanto no aspecto intelectual, bem como no moral, não prevê retrocessos, enquanto a outra, sinaliza a possibilidade de punição obrigando o Espírito chegado ao reino hominal voltar aos reinos inferiores dos vegetais ou animais, além disso, não se coaduna com a proposta divina de evoluir continuamente sem retrocessos.
Imaginemos gênios da ciência, virtuosos artistas, pensadores, reencarnando em um vegetal! Como poderiam expressar os conhecimentos e habilidades construídas por muitas vidas, a custa de continuado esforço, situação esta provocada por uma falha moral, uma grave desatenção aos conceitos divinos?
Destaquemos a bondade de Deus nos facultando inúmeras existências, entretanto, esta dádiva não deve servir de motivo para deixarmos para depois o que podemos e devemos fazer agora, porquanto as oportunidades do momento atual mudarão. Estudemos o Espiritismo agora, de preferência e prioritariamente as Obras Fundamentais escritas por Allan Kardec. Não deixemos para amanhã.
A reencarnação e a metempsicose
nov 07, 2019Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em A reencarnação e a metempsicoseLike
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