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sábado 16 novembro 2024
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A ovelha branca

• Rogério Miguez
Estabelecem os estatutos divinos sejam as famílias basicamente formadas por Espíritos “velhos conhecidos”, ou seja, já se relacionaram em vidas passadas, caso contrário, seria impossível trabalhar as questões pessoais a nos cercar se estivéssemos em cada nova vida em um novo grupo de Espíritos totalmente desconhecidos. Como iríamos resolver as diferenças e aproximar mais ainda as afinidades positivas desenvolvidas no passado?
Deus determina estejam permutando as posições em família aqueles mesmos Espíritos que por força de suas antigas relações necessitam aprimorar-se mutuamente, em princípio, uns ajudando os outros. Desta forma, ora o Espírito reencarna como pai (mãe), ora como irmão(a), neto(a), bisneto(a), e assim por diante.
Eventualmente, permite a Divindade que Espíritos retrógrados, sabidamente rebeldes às Suas leis, reencarnem em grupamentos de Espíritos mais evoluídos. Desta forma, através dos exemplos fornecidos pelos mais adiantados, os primeiros possam se contagiar e quem sabe mudar seu modo de pensar e agir. Estes Espíritos indóceis e insubmissos à prática moral são comumente conhecidos como as Ovelhas Negras das famílias. Allan Kardec bem registrou esta possibilidade em O livro dos espíritos1:
209. Por que é que de pais bons e virtuosos nascem filhos de natureza perversa? Por outra: por que é que as boas qualidades dos pais nem sempre atraem, por simpatia, um bom Espírito para lhes animar o filho?
“Não é raro que um mau Espírito peça lhe sejam dados bons pais, na esperança de que seus conselhos o encaminhem por melhor senda e muitas vezes Deus lhe concede o que deseja.”
Estes Espíritos de comportamento bravio e aparentemente “indomáveis” se mostram avessos a qualquer iniciativa de ordem, disciplina, ética, moral, brandura, misericórdia, perdão, entre tantos outros bons exemplos comunicados pelos pais a seus filhos, mas, pela continuidade neste padrão de vida apresentado pelos genitores, espera-se, pouco a pouco, se “contaminem” com estas atitudes positivas, e gradativamente substituam condutas antigas por novas concepções de vida, progredindo, visto estarem estacionários repetindo provas e passando por novas expiações, fruto de suas condutas desalinhadas com o reto caminho esperado por Deus.
Este mecanismo de congraçar Espíritos bons, nobres, embora ainda não perfeitos, com um Espírito atrasado em suas lições de vida, demonstra inequivocamente a misericórdia da Eterna Bondade, providência registrada há 2000 anos por Jesus quando afirmou: “Nenhuma ovelha do Pai se perderá”, visão lúcida e amorosa da criação, ainda mais se considerando uma Ovelha Negra.
Por outro lado, os mais adiantados não perdem de vista os retardatários, pois os amam, e não conseguirão avançar mais e mais em sabedoria e amor, sabendo estarem lá atrás, em lamentos e ranger de dentes, àqueles mesmos queridos amigos e amigas de outras existências perdidos nos emaranhados de caminhos e atalhos, sem saber de fato qual optar por seguir, se mantendo prisioneiros de suas próprias indecisões, recapitulando lições após lições, sem lograrem êxito nos desafios sempre propostos pela vida.
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Estes abnegados Espíritos, não medem esforços em ajudar os que ainda se encontram nas fileiras atrasadas da evolução, são elementos igualmente previstos na lei de Deus, e, contrariamente àqueles retrógados, reencarnam em famílias constituídas apenas por espíritos rebeldes, desta forma, podem ser conhecidos por: Ovelhas Brancas.
Nada mais natural nos mecanismos divinos promovendo a evolução dos Espíritos do que prever a ajuda de bons Espíritos a outro renitente na prática do mal, e de considerar também a possibilidade de um bom Espírito tentar ajudar grupos de Espíritos atrasados que lhe são estimados.
Estes são os opostos, Ovelha Negra e Ovelha Branca, ambos atendendo o imperativo da evolução, esta última uma das poucas fatalidades nas leis eternas.
1 Kardec, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. Comemorativa do Sesquicentenário. Rio de Janeiro: FEB, 2007.