A influência banta é muito mais profunda em razão da antiguidade do povo banto no Brasil, da densidade demográfica e amplitude geográfica alcançada pela sua distribuição humana em território brasileiro.
A sua presença foi tão marcante no Brasil no século XVII que, em 1697, é publicada, em Lisboa, A arte da língua de Angola, do padre Pedro Dias, a mais antiga gramática de uma língua banta, escrita na Bahia para uso dos jesuítas, com o objetivo de facilitar a doutrinação dos 25 mil angolanos, segundo Antônio Vieira, que se encontravam na cidade do Salvador sem falar português.
Os aportes bantos ou bantuísmos, ou seja, palavras afriacanasque entraram na língua portuguesa no Brasil, estão associados ao regime da escravidão (senzala, mucama, bangüê, quilombo), sendo a maioria deles completamente integrada ao sistema linguístico do português, formando derivados portugueses a partir de uma mesma raiz banto ( esmolambado, dengoso, sambista, xingamento, mangação, molequeira, caçulinha, quilombola), o que já demonstra uma antiguidade maior. Em alguns casos, o vocábulo banto chega a substituir a palavra de sentido equivalente em português: caçula por benjamim, corcunda por giba, moringa por bilha, molambo por trapo, xingar por insultar, cochilar por dormitar, cachaça por aguardente.
Alguns já estão documentados na literatura brasileira do século XVII, a exemplo dos que se encontram na poesia satírica de Gregório de Matos e Guerra (1633-1696).