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domingo 1 dezembro 2024
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A Homoafetividade Segundo Cairbar

• Rogério Miguez
O Bandeirante de Matão, Cairbar de Souza Schutel, abordou incontáveis matérias e assuntos registrados em seus bem conhecidos livros, um de seus maiores legados. Análises evangélicas, debates doutrinários com os opositores do Espiritismo de então, esclarecimentos sobre uma temática variada, questões a lhe chamar a atenção na época e local de sua última existência. Tudo muito bem estruturado com a peculiar lógica de seus escritos. De lá para cá, tanta coisa aconteceu, o mundo girou intensamente, e, mais recentemente, uma questão vem atraindo a atenção da humanidade: a homoafetividade.
Poucos sabem ter Cairbar abordado este tópico, todavia, como Espírito desencarnado.
O Centro Espírita Léon Denis-CELD do Rio de Janeiro, uma referência para todas as Casas do movimento espírita brasileiro, nos derradeiros anos do século passado e início deste, criou um site pioneiro chamado à época de IRC-Espiritismo, agora atende pelo nome de Espiritismo.net. A proposta foi de realizar palestras e estudos ao vivo, com participação de ouvintes questionando os expositores em pontos correlatos ao tema abordado.
Para fortalecer o grupo e dar orientação sobre assuntos mais em voga, realizaram várias reuniões com o inesquecível médium Altivo C. Pamphiro, fundador do CELD, hoje desencarnado, e por sua mediunidade, exploraram inúmeros tópicos. Quem forneceu as orientações solicitadas foi nada mais, nada menos, do que Cairbar Schutel.
Os frutos destas reuniões, colhidos quando Cairbar compareceu e respondeu diversas questões, foram consolidados em um livro, ainda pouco conhecido intitulado Cairbar Responde1.
Nesta obra, o Apóstolo de Matão, foi de uma clareza ímpar, não deixou qualquer margem de dúvida, sobre a posição doutrinária pós Kardec. Ressalte-se, não só defendida por Cairbar, pois, também é esposada por outros autores espíritas encarnados e Espíritos desencarnados. Em síntese assim se expressou: a humanidade deve aceitar o direito do ser humano reencarnado escolher a homoafetividade como opção de vida.
Dissemos pós Kardec, pois não há opinião detalhada sobre o tópico nas obras fundamentais de Allan Kardec, tampouco nas subsidiárias, exceto ligeira menção do Mestre de Lion em Revista Espírita de janeiro de 1866, isto do que já nos foi possível conhecer sobre o assunto, contemplado na obra do Codificador. Naquela ocasião se referiu como anomalias aparentes, expressão feliz e muito bem colocada por Kardec, pois, então, percebeu serem de fato aparentes. A matéria foi considerada prematura para ser abordada em meados do século XIX, vindo daí a ausência de maiores elucidações de Kardec sobre a temática.
O Pai dos pobres de Matão, em Cairbar Responde, ainda se fez entender utilizando o termo homossexualidade, porquanto, estas orientações por ele fornecidas datam do fim do século passado e início deste, atualmente, já se ajuizou ser o termo inapropriado, sendo de melhor alcance a expressão homoafetividade, pois, esta última abrange também a possibilidade da existência apenas da afetividade entre o casal, sem necessariamente haver intercurso sexual, conduta claramente sugerida pelo primeiro. Observou-se ser a afeição pura e simples o sentimento maior regendo a relação.
Neste livro, por diversas vezes o sábio de Matão confirmou o seu entendimento de que não há qualquer base doutrinária para condenar esta escolha.
Referência: 1PAMPHIRO, Altivo C. Cairbar Responde. Pelo Espírito Cairbar Schutel. Organizado por Mário Coelho. 1. ed. Rio de Janeiro: CELD, 2017. caps. VII e IX.