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sexta-feira 15 novembro 2024
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A fé exige totalidade

“O crente: Sou um crente, Senhor, afligido pela dúvida de que Deus não exista. O ateu: Eu, pior. Sou um ateu, Senhor, afligido pela dúvida de que Deus, ao contrário, exista realmente. É terrível”.
Hoje está esquecido, mas Achille Campranile (1900-1977) teve ao seu tempo sucesso por causa do seu humor paradoxal. Das suas Tragédias extraiu este diálogo entre um crente e um ateu.
Contas feitas, muito mais convencido da existência de Deus está o ateu, ainda que seja pela implícita suspeita do inexorável juízo divino.
Parto desse mini-diálogo para um exame de consciência. Se tivéssemos de escavar até o fundo da alma de muitos cristãos, não seria arriscado colocar a hipótese de que para não poucos deles Deus é uma presença de segundo plano, quase como uma decoração da alma.
Está lá, relegado no seu mundo sagrado; interpela-me em caso de grave necessidade; entrega-se-lhe o tributo de uma missa dominical e de algumas orações; respeita-se devido àquele são temor instilado pelos pais desde a infância.
A fé autêntica, no entanto, como nos ensina a Bíblia, é muito mais. Digamos mesmo: é algo até de dramático, é uma paz conseguida, mas através da luta, como nos ensina Abrãao que sobe o monte Mariá ou Jacob que combate na noite ao longo do rio Jabbod.
Cristo veio sacudir as consciências, a trazer o fogo e a espada. Aos seus discípulos pediu serem sal e luz, para vigiarem na noite, para se darem na totalidade e sem cálculos. A tepidez o grande risco, como adverte o Apocalipse à comunidade cristã de Laodicéia (3,14-19).