Há, evidentemente, uma crise dos impérios que insistem em espoliar as massas dando, em troca, o desemprego, a desigualdade social, a falta de saúde, a falta de educação e, para piorar, há os grupos organizados que, através do crime, se acotovelam nesse meio. O estado que tem como dever ampliar o autoritarismo das elites vem desde o período colonial ,e não é nada agradável quando se aborda a questão da escravidão, a exploração dos povos nativos que aqui já se encontrava antes da tomada de posse da nova terra pelos europeus. Ou seja, desde a era dos descobrimentos a penúria das massas trabalhadoras têm sido elevada e sem trégua. Os exemplos na história são muitos e sem arremedos. Todo esforço das massas acaba servindo coquetel para as elites que exploram aqui, mas vive com umbigo plugado nos interesses externos, considerando os passos do povo sempre um erro sem resposta. As forças sociais e políticas da América Latina só vão ser respeitadas, interna e internacionalmente, quando se unirem em torno de um ideal de transformação. Quando será essa hora? Não sabemos, pois ela pode ser agora, pode ser daqui a pouco ou pode demorar um pouco mais, mas ela virá com todo o peso do atraso histórico. Esse é um preço que não dá para ser quantificado devido aos inúmeros interesses entre as elites locais e o jogo geopolítico internacional.
Nesse caso, temos ainda o apetite voraz de Washington sobre os combustíveis fósseis, o metais preciosos, as riquezas naturais são imensas, mas finitas dentro de um planeta que carece cada vez mais de recursos, sob a égide de comprometer, ainda mais, a vida, que já vem sofrendo com as mudanças climáticas, que é o fruto direto das ações humanas. O que definitivamente não dá é para pensar que as massas vão ser submissas para sempre. Isso é pura ingenuidade dos exploradores que ainda não conseguem entender que os tempos são outros e os meios de comunicação de massa já não manipulam tanto. Mas as elites andam manipulando as mídias sociais através das fake news. Isso é verdade. O que as elites não vão conseguir manipular por muito tempo são as necessidades básicas do povo e nenhum governante com vocação para Leopoldo II ou Pol Pot poderá ir mais longe do que têm sido as ações promovidas por agentes de secretos da Cia e Mossab, que andam desembarcando, em números cada vez maior, na América Latina para acompanhar as manifestações populares, que ocorrem nesse momento no Chile, na Colômbia, na Bolívia, no Equador e anda ensaiando atravessar fronteiras. Esse fantasma, para os governantes ligados às elites, pode ser bem mais perigoso do eles imaginam e preconizam, com seus discursos ameaçadores, autoritários e proselitistas. Nesse momento, tudo que os agentes do caos e as elites não querem é a organização das massas e a ampliação de um processo democrático, capaz de se sustentar sem o peso atávico dos que julgam ser eleitos.
No entanto, as suas eleições não passam de verdadeiras fraudes, com aval de muitos grupos de poder, ligados a setores de proteção do Estado, como o judiciário, engendrado através de uma verdadeira guerra híbrida gestada por Washington.
A onda de manifestações não se devem apenas às desigualdades sociais, mas também à resistência às classes privilegiadas. Essa onda também está relacionada à falta de confiança da população nos partidos políticos que , em sua maioria, não conseguem fazer nenhuma diferença para a sociedade, livrando-a das elites e da concentração de rendas que, a cada dia que passa, aumenta a opressão e retira das massas trabalhadores o pouco ou quase nada que conquistaram ao longo de muita luta. Esse esgotamento mostra que os partidos não estão conseguindo dar conta das insatisfações populares que carregam, de forma cambaleante, a democracia na América Latina. Tudo parece não funcionar? O voto por mudança de governo está indo além de um desafio, ou seja os canais democráticos têm sido usados pra votos de protesto que, em muitas situações, são movidas por fake News, que resultaram em vitórias de outsiders que se voltam contra o sistema democrático e hipertrofiam as instituições internas que sustentam a democracia. Os grupos evangélicos de direita, sob o comando atávico do neoliberalismo, procuram fazer da bíblia uma Constituição cheia de fake milagres. Isso só pode aumentar as diferenças , levando muita gente para a descrença total. Do outro lado, temos a atuação da grande mídia ,que não fortalece as instituições devido às denúncias selecionadas por release de assessores de governos e dirigentes políticos, que visam manipular a realidade. Essa situação está chegando a um ponto alto que culmina com o grito das massas nas ruas. Ela pode estar só começando.
Há muita coisa para ser aberta se as porteiras da democracia continuarem sendo fechadas, ao contrário do que busca abri-la de forma transparente e sem as obstruções corriqueiras dos poderes do Estado, que voltam ao modelo de lutas dos trabalhadores, ocorridos a partir dos anos 40 do século XX.
Hoje, há uma dificuldade clara das pessoas se sentirem representadas pelos partidos e a elite política. Está na hora de se operar com os acontecimentos, ao invés de serem os acontecimentos. Mas, do ponto de vista dos outsiders, o povo só pode ser os acontecimentos para que as elites possam continuar seu processo de acumulação de renda e destruição da democracia , e colocando em risco a soberania da maioria dos países da América Latina. As ruas podem indicar o início, mas quanto a finitude desses movimentos, não há como saber e os conservadores que estão usando essa onda podem ser massacrados pela desordem que estão espalhando pelo continente , com a bíblia nas mãos. Não há nenhum milagre ou salvação sem uma divisão adequada da renda e um avanço significativo das instituições democráticas. Leopoldo II e Pol Pot mataram muitos, envergonharam a humanidade com seus domínios extensivos, não servem nem para ser lembrados pela história como seres humanos.