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quarta-feira 25 dezembro 2024
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A cegueira cultural à verdade

Acredito que a busca da verdade é uma espécie de história de amor. Amor pela verdade. Amor, se se é professor , pela matéria que se ensina. E, por fim, o mais difícil: o amar por orgulho com quem não se está de acordo.
No Concílio Vaticano I, a Igreja declarou formalmente que a nossa procura da verdade inclui a razão. A fé pode levar-nos para além da razão, mas não pode ser contra a razão.
Segundo Tomás de Aquino, somos animais pensantes, buscadores da verdade. Vivemos hoje, lamentavelmente, na era do pós-verdade. Temos que nos preocupar face à evaporação da verdade.
O problema não é tanto as pessoas mentirem, mas o fato de que a própria idéia de verdade se desvaneceu. Vivemos num mundo de “truthiness”(uma verdade independente dos fatos), essa verdade aparente que Stephen Colbert definiu como “a expressão de sensações ou opiniões de café como se fossem afirmações objetivas.
No twitter e nos blogues são proferidas continuamente asserções selvagens, sem a preocupação de se saber se são verdadeiras.
Nos jornais, na política, em todo o lado, assistimos a uma retirada das questões complexas, enquanto que as pessoas se contentam com slogans e twitters.
Pertencemos a uma sociedade litigiosa. Mas o problema mais profundo é está cegueira cultural à verdade , que não se pode resolver sempre levando as pessoas a tribunal. Devemos ensinar a amar a verdade por si própria.
Temos uma inclinação natural (propensio ad veritatem) para a verdade. Se sufocamos este instinto pela verdade em todas as suas formas, a nossa humanidade fica fatalmente arruinada. Dizia Yves Congar: “Amei a verdade, como se ama uma pessoa”.