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domingo 24 novembro 2024
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A arte de voltar-se a si mesmo

A arte de deter-se é uma aprendizagem indispensável, ainda que seja muitas vezes esquecida. Quem não sabe deter-se, não sabe viver. Como há uma qualificação da existência que provêm da ação, assim há outro que provém do repouso.
A vida não pode ser apenas um lugar para consumir devorar. O marinheiro, quando parte para a grande aventura oceânica, deve certamente poder contar com o motor da sua embarcação, deve confiar-se no bom estado do casco, da vela , do remos; mas deve obrigatoriamente levar uma âncora, porque um barco não pode navegar continuamente.
Do mesmo modo, um excursionista, quando prepara o seu percurso, deve prever não só a atividade, mas também os tempo e os lugares de pouso que lhe permitirão restautar-se para poder retomar o caminho.
É verdade que, tendencialmente, nas nossas sociedades modernas, os estilos de vida se assemelham à cidade que nunca dorme. O tempo parece sempre escasso, m relação ao programa que nos impomos.
Gostaríamos que o tempo se dilatasse, e fosse aquilo que não é. Como o coelho de Alice no País das Maravilhas, estamos sempre atrasados.
Mas atrasados em relação o quê, em sequer nós verdadeiramente o sabemos. Se hoje vivemos num mundo de evasão, é porque somos homens mulheres que não sabem ancorar a vida. E a vida acaba por ser um vazio a que nada responde.