Gosto daquela história em que há alguém que pergunta: “Como explicaria a uma criança o que é a felicidade? “. E a resposta é: “não explicaria. Lançar-lhe-ia uma bola para que posso jogar”.
Aquilo que nos torna felizes deve ser uma experiência infinitamente mais humilde do que a norma fantasiosa requerida pela ideologia da felicidade. Em vez de uma felicidade abstrata, deveríamos falar mais, por exemplo, da alegria.
A alegria mergulha as raízes no dia a dia;mesmo quando nos surpreende imprevistamente, ela emerge de um itinerário existencial que poderás reconstruir,sabemos o que é e como se chega até ela.
Deveríamos falar da ligeireza, a qualidade daqueles que permitem à vida manter um impulso, uma espécie de transparência e gratidão, ligados não àquilo que a vida foi ou poderia ter sido, mas ao indizível milagre que ela, a cada instante é.
Deveríamos falar de simplicidade, essa capacidade de partir continuamente do essencial, fazendo dele uma opção, uma prática e um estilo.
E falar daquelas pequenas esperanças, de quanto recebemos e doamos, estabelecendo dessa forma o movimento circular da vida, que depois se torna o guia e o espelho dos nossas aspirações maiores.
Falar, em resumo, de coisas concretas, ao alcance da mão, coisas talvez banais que vêm, com imediatez, jogar aos nossos pés. Tornar-no-emos muito infelizes se elevamos a felicidade ao ponto de a idealizar.