No mundo, pelo terceiro ano seguido, o número de pessoas em situação de subnutrição aumentou
Em 16 de outubro, recorda-se o Dia Mundial da Alimentação. Trata-se de um recorte histórico que celebra a fundação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 1945. Mais de 150 países estão mobilizados em promover ações que contribuam com aqueles que, até hoje, sofrem com a fome.
Fome Zero
Na tentativa de avançar com o compromisso número 2 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), de alcançar a meta de fome zero até 2030, a FAO lançou em agosto um concurso de cartazes para o Dia Mundial da Alimentação 2018.
A atividade busca a conscientização de que ainda existem 15 milhões de pessoas em situação de fome no mundo e que, em contrapartida, 1,9 milhão estão acima do peso. Os participantes devem ter de 5 a 19 anos e o material produzido deve ser enviado para o site da FAO [COLOCAR ESTE LINK NA PRÓPRIA PALAVRA FAO http://www.fao.org/world-food-day/2018/contest/enter-the-contest/es/] até 9 de novembro.
Além de terem seus trabalhos expostos na sede da FAO, em Roma, na Itália, os três ganhadores (divididos pela faixa etária) receberão uma bolsa com presentes e um certificado de reconhecimento.
Uma realidade difícil de parar
A FAO registrou aumento no número de pessoas passando fome entre 2016 e 2017: de 815 milhões para 821 milhões. O relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018”, divulgado em 11 de agosto, mostrou que no ano passado uma em cada nove pessoas passaram fome.
Dentre os motivos apontados, estão conflitos armados e das crises econômicas, variações no clima e fenômenos naturais extremos, como secas e enchentes.
Segundo a FAO, as altas temperaturas resultaram em um número inesperado de dias de calor forte em cinco anos. O padrão das chuvas rendeu uma distribuição desigual no período, conhecido como próprio para o fenômeno.
Já o grave período de seca na América Latina, Caribe, no Corredor Seco da América Central, principalmente em El Salvador, Guatemala e Honduras, fez com a produção agrícola fosse bruscamente afetada, com até 90% de redução na safra e que mais de 3,6 milhões de pessoas precisaram de assistência humanitária. Ao todo, 83% dos danos na produção foram resultados da estiagem e 17% por inundação.
Na prática
Alessandra Miranda, coordenadora da Cáritas Brasileira, que integra o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), salientou que a FAO, em parceria com a CONSEA, no período de maior expressão da campanha, fez uma série de estudos que mobilizam ações que levem à reflexão, análise e que façam incidência política diante das questões da alimentação.
“Alguns ministérios e secretarias de estados também lançam suas campanhas em sintonia com os temas nacionais, ou de motivação internacional. No CONSEA, são as comissões permanentes que têm um papel estratégico por meio dos eixos: Sisan e macrodesafios nacionais e internacionais; ambientes alimentares e nutrição; produção, abastecimento e alimentação adequada e saudável; direito humano a alimentação adequada; SAN de Populações Negras e Povos e Comunidades Tradicionais; SAN dos Povos Indígena e Comissão dos Presidentes dos CONSEAS Estaduais”, reiterou a coordenadora.
Apesar de o País ter, recentemente, saído do mapa da fome, foi alertado pela ONU os riscos de um possível retorno, devido ao grande número no aumento de desempregados e da forte crise enfrentada nos últimos anos.
Para Alessandra, cortes em programas sociais e novas políticas públicas são também responsáveis pela ameaça: “Não é preciso levantar os dados para perceber a presença maior das pessoas na rua pedindo alimentos para sobrevivência. Toda essa conjuntura impossibilita não só a segurança alimentar, mas a possibilidade de diminuir a desigualdade social”.
Ela explicou, ainda, o parâmetro dos avanços e retrocessos: “Até os anos 1990, o Brasil enfrentou milhões de mortalidades em decorrência da fome. A partir dos anos 2000, foram articuladas diversas ações, como a construção de escolas técnicas no semiárido e construção de cisternas, na qual a Cáritas Brasileira foi protagonista. Em 2014, depois de reduzir em 82,1% o número pessoas subalimentadas, o Brasil deixou o mapa da fome da ONU. Atualmente, segundo analises, mais de 13 milhões de pessoas passam fome no Brasil”, concluiu.