O romance surge como gênero narrativo derivado da épica, mais com notáveis diferenças:
– Ele se dirige a um público urbano e não aristocrático.
– É escrito em prosa e se destina à leitura, não à recitação.
– A trama se complica com histórias secundárias e descrições.
– O futuro das personagens não se baseia na vontade dos deuses, mas do destino, às vezes quase inverossímil.
Os primeiros romances aparecem na Grécia durante o século I a.C. na forma de um subgênero mais tarde denominado novela bizantina, que foca sempre no amor idealizado de dois jovens.Por diversas razões, eles devem empreender uma viagem repleta de peripécias ( naufrágios, raptos etc), que os obriga a se separar. Depois de numerosas aventuras se dá o reencontro e o final feliz. A novela bizantina mais conhecida é As etiópicas, de Heliodoro ( séculos III e IV), modelo do gênero por sua verossimilhança e planejamento narrativo, pois começa no meio da ação para ir revelando pouco a pouco o sucedido.
Também é muito conhecida a obra Dafne e Cloé, de Longo (séculos II e III), novela pastoril que narra o descobrimento do amor por parte de dois adolescentes.
O romance latino apresenta, por sua vez, uma mistura de diversos elementos: o picaresco, o fantástico, o obsceno, a paródia etc. As duas novelas mais importantes são:
– Satiricon, de Petrônio( século I). Chegou incompleta até nós e relata as aventuras de três amigos pelo sul da península itálica, para poder sobreviver à base de trapaças e golpes.É um obra de caráter realista, com uma visão cética do mundo, que recorre à fala convencional.
– O asno de ouro, de Apuleio(século II). Narra como o jovem Lúcio, vítima de um feitiço que o transforma em asno, passa por vários patrões e diversas aventuras, antes de recobrar É um gênero que deve muito às tradições literárias gregas, especialmente ao romance. O tom humorístico é dominante, mas também há reflexões de natureza filosófica e religiosa. Na trama há inúmeros relatos intercalados; o mais famoso e extenso é o Eros e Psique.
Prof. José Pereira da Silva
